Secretário-geral do partido recusa eleições no PSD-Lisboa

Secretaria-geral diz que não é da sua competência convocar eleições requeridas pelo vice-presidente da concelhia de Lisboa. Processo segue para decisão do presidente da Mesa da assembleia de militantes.

O secretário-geral do PSD, José Matos Rosa, não vai convocar eleições para a concelhia de Lisboa. O dirigente nacional já respondeu ao pedido de convocação de eleições requerido pelo vice-presidente da concelhia, Rodrigo Gonçalves, lembrando que, ao abrigo dos estatutos, não tem competência para o fazer. Rodrigo Gonçalves esclareceu ao i que na sequência da resposta da secretaria-geral do partido já remeteu para a Mesa da assembleia de militantes da concelhia o pedido de convocação das eleições. Aquele órgão é presidido por Fernando Seara, atual vereador do PSD em Lisboa. De acordo com o “Expresso”, Seara já terá apresentado o pedido de demissão de presidente da Mesa.

No pedido para a convocação das eleições, Rodrigo Gonçalves justificou a decisão, dizendo que “na política os lugares não se herdam, conquistam-se”. Ou seja, o dirigente da concelhia entende que o exercício das funções tem de estar legitimado por eleições.

O pedido de eleições para a concelhia surgiu na sequência da demissão do presidente deste órgão, Mauro Xavier, por divergências insanáveis com a candidata escolhida por Passos Coelho para a Câmara de Lisboa, Teresa Leal Coelho e por pressões profissionais. As divergências de Mauro Xavier com a direção nacional levaram o dirigente local a dizer que não voltaria a votar Passos Coelho. Mauro Xavier tinha apostado todo o seu peso no convencimento de Pedro Santana Lopes para se recandidatar à câmara, mas o provedor da Santa Casa acabou por declinar o convite. Mas não deixou de acentuar a sua admiração por Mauro Xavier. No dia em que se soube que este iria apresentar a demissão da concelhia, na passada quinta-feira, Santana escreveu na rede social Facebook: “Quero dar aqui público testemunho do modo irrepreensível com que o Mauro Xavier lidou comigo, nestes anos de presidente da Concelhia de Lisboa. Outras e outros terão avaliações não coincidentes. Por mim só posso dizer muito bem. Continuar com a sua meritória carreira profissional permitir-lhe-á alargar ainda mais os seus horizontes, já bem mais amplos do que o que se encontra por todo o lado na vida partidária”.

Depois da demissão de Mauro Xavier e de Rodrigo Gonçalves ficar à frente da concelhia, nomes anteriormente propostos pelo PSD-Lisboa para as juntas de freguesia nas autárquicas de 1 de outubro acabaram substituídos por candidatos da direção do partido – ou seja, da confiança de Passos e, principalmente, de Miguel Pinto Luz, presidente da distrital lisboeta.

 

Família Gonçalves afastada das listas

Uma das consequências da ‘interferência’ da distrital do PSD e da candidata Teresa Leal Coelho na feitura das listas foi o afastamento do pai de Rodrigo Gonçalves da lista candidata à Junta de Freguesia das Avenidas Novas. Aliás, este é o único dos cinco presidentes de junta eleitos pelo PSD em 2013 que não se recandidata ao cargo.

O_próprio Rodrigo Gonçalves, também ele membro da Assembleia Municipal, já sabe que vai saltar da lista deste órgão às eleições de 1 de outubro.

O i sabe que Gonçalves, que não consegue maioria na direção da concelhia, ainda votou favoravelmente as candidaturas que lhe eram estranhas para tentar serenar os ânimos entre o órgão local e a direção nacional, mas já era tarde. O dirigente da concelhia terá tentado ainda fazer um acordo à última da hora, aprovando as indicações alheias e adiando a discussão dos seus nomes, mas sem sucesso.

Na São Caetano à Lapa há muito que se perdera a paciência com a concelhia rebelde. Por isso a ‘ordem de limpeza’ está em andamento. Passos Coelho e Pinto Luz (este em final de mandato na distrital) não pretendem manter o clã Gonçalves à frente da concelhia da capital. De acordo com fontes contactadas pelo i, Rodrigo Gonçalves consegue arregimentar várias centenas de votos de militantes. Por isso quer ir já para eleições, ainda antes das autárquicas. Já a direção do partido prefere adiar a votação na concelhia para depois de 1 de outubro, prevendo que o clã Gonçalves perca influência junto dos militantes depois da ida às urnas.