Só no ano passado, os portugueses reportaram em média 41 queixas diárias à Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, o que corresponde a um total de 14 865 queixas. Mas há 22 mil reclamações que ainda não foram alvo de tratamento, fazendo subir ainda mais o número de queixas. A CP (três mil) e o Metro de Lisboa (2753) lideram a lista de reclamações. Também a Carris (694) e a Transportes Sul do Tejo (833) entram neste ranking, que sofreu um agravamento no segundo semestre do ano.
O incumprimento de horários, a supressão de carreiras e a mudança de percursos sem aviso prévio, a cobrança de preços distintos dos afixados e o mau funcionamento de validadores e de máquinas de venda automática de bilhetes são as principais queixas dos utilizadores.
Também a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) já tinha revelado que a sua plataforma para queixas sobre transportes públicos tinha registado quase três mil reclamações durante o primeiro ano de existência, a maioria das quais relativas aos transportes rodoviários e relacionadas com atrasos.
Registaram-se 734 reclamações por atrasos, 561 por diminuição e supressão de linhas, percursos e horários e 556 por falta de higiene e conforto nos autocarros, nas carruagens e nos locais de espera pelo transporte. Os preços elevados dos títulos de transporte e a aquisição de passes mensais com percursos superiores aos que os consumidores vão utilizar também motivaram queixas.
Segundo a entidade, a Área Metropolitana de Lisboa registou o maior número de reclamações (2141), ao passo que a do Porto assinalou 155.
Carris reclama
Mas enquanto os utilizadores de transportes públicos reclamam do serviço, a Carris garante que há cerca de 20 milhões de viagens por ano em que os passageiros não pagam bilhete, num universo de mais de 140 milhões de viagens realizadas.
O administrador da empresa Realinho de Matos lembra ainda que a Carris conta com 38 fiscais para as 72 carreiras de autocarro e seis de elétrico que a empresa oferece. Um número que, no seu entender, é baixo. “É pouca gente, o ideal seria termos 70”, revelou.
Desde 2012 até ao final do ano passado, as multas eram cobradas pelo fisco. O governo mudou esta regra e passou novamente a cobrança para as mãos das empresas de transportes, por considerar o sistema ineficaz.