Autárquicas. Medina faz balanço e continua a esconder candidatura

É um dos segredos menos bem guardados das autárquicas. Mas Fernando Medina continua sem anunciar candidatura à Câmara de Lisboa

Os jornalistas saíram como entraram. Continua por anunciar a candidatura formal de Fernando Medina pelo PS à Câmara de Lisboa.

Mas deixou algumas pistas acerca daquele que é um segredo demasiado exposto: será o candidato socialista a Lisboa.

Exemplo? Esta simples declaração: “Daqui a uns tempos vai iniciar-se um debate político na cidade para um novo mandato, mas esse novo mandato tem de ser feito na base daquilo que apresentaremos como proposta política para o futuro da cidade.”

E então porque não anuncia formalmente aquilo que todos já conhecem? Fernando Medina não deixou de responder: o encontro de hoje tinha apenas um objetivo – “prestar contas”.

E, verdade seja dita, os jornalistas foram convocados para uma conferência de imprensa para ouvir Fernando Medina fazer, ao longo de quase duas horas, um balanço dos últimos quatro anos de governação socialista do município – uma gestão praticamente repartida a meio entre o atual e o anterior presidentes. Começou António Costa, eleito em 2013 à frente da candidatura socialista, onde Fernando Medina aparecia como número dois. Com a saída de Costa para a liderança do PS e candidato a primeiro-ministro nas legislativas, Fernando Medina subiu à cadeira do poder. Todavia, apesar de a convocatória para o encontro ser clara – “presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, apresenta segunda-feira, 29 de maio, o BALANÇO DO MANDATO” –, estavam todos com a expetativa de ouvir da boca do atual presidente o anúncio formal da candidatura para um novo mandato. E, assim, de saírem do Capitólio, Parque Mayer, no centro da cidade, com essa certeza.

Mas não houve direito a perguntas e respostas e, por isso, oficialmente continua por anunciar a entrada de Medina na corrida à presidência da câmara nas autárquicas de 1 de outubro próximo.

“O balanço não é dos dois anos em que Fernando Medina esteve à frente dos destinos da câmara, mas dos últimos quatro anos de gestão da maioria socialista.” Esta foi a mensagem passada ao i.

Das palavras proferidas pelo presidente da maior autarquia do país, Medina não deixou muitas dúvidas acerca da forma como o próprio vê o trabalho ao longo destes últimos anos: termina o mandato com “um sentimento de missão cumprida”.

“O mandato decorreu sob a vontade de dar a volta à economia da cidade e, daqui, também ajudarmos a dar a volta à região e ao país. Penso que, em relação a esta grande tarefa, objetivo e grande desígnio, concluímos o mandato com sentimento de missão cumprida”, afirmou.

O presidente – que durante a presença de Costa à frente dos destinos do município era seu vice e tinha a tutela dos pelouros das Finanças, Turismo e Recursos Humanos – reconheceu também neste encontro que nem tudo está resolvido no espaço do concelho.

“Há sempre problemas por resolver. Há outros que são novos e surgiram de novas realidades, da mudança dos tempos e dos contextos”, disse.

Durante o encontro ficou a saber-se, por exemplo, que o turismo (que tanta tinta tem feito correr em Lisboa) teve um impacto económico de 6,3 mil milhões de euros na cidade. Medina revelou também que durante o mandato, a autarquia seguiu um princípio: pagar aos fornecedores a pronto, sem atrasos.

Para já são conhecidas as candidaturas à presidência da câmara de Assunção Cristas (CDS-PP, PPM e MPT), João Ferreira (CDU), Ricardo Robles (BE) e Teresa Leal Coelho (PSD).