Para incentivar ainda mais o uso de transportes públicos, a Câmara de Cascais aprovou novas medidas que pretendem responder ao desafio que impôs quando lançou o sistema MobiCascais: reduzir o congestionamento no espaço público, disponibilizar meios e facilitar acessos de forma rápida e intuitiva aumentando a eficiência energética e reduzir os custos de deslocação. Como tal, os passes passam a ser gratuitos até aos 12 anos e há descontos especiais para utentes com mais de 65 anos, em que passam a pagar 14,50 euros por mês.
Trata-se de mais uma iniciativa inserida na aposta da autarquia na mobilidade urbana e que prevê integrar num único sistema autocarros, comboios, bicicletas e estacionamento com a missão de tirar passageiros do transporte individual e colocá-los no transporte coletivo. «Depois do acordo celebrado a 19 de janeiro com a Scotturb, oferecendo aos utilizadores pela primeira vez em Portugal pacotes de mobilidade que congreguem transportes e serviços, a empresa municipal Cascais Próxima, fecha agora mais um protocolo com esta operadora a pensar nos sub 12 e nos mais 65 anos», revela ao SOL, a entidade responsável por este projeto, Cascais Próxima.
Ao mesmo tempo, está previsto o lançamento de quatro novas carreiras rodoviárias no município, no âmbito do MobiCascais. Um projeto que surgiu não só para complementar e integrar serviços já existentes como também para aumentar a oferta e reduzir a carga tarifária para todos. Isto porque tanto a Scotturb como a Cascais Próxima já operavam neste mercado.
E os resultados já são visíveis. Às 25 carreiras municipais operadas pela Scotturb, acrescentou seis: busCas SDR, busCas SDR Norte, busCas SDR Oeste, busCas Estoril, busCas Cascais Hospital e busCas Malveira Hospital. Feitas as contas, representa um aumento de 24% em termos e número de carreiras existente no concelho.
O balanço não podia ser mais positivo, admite a entidade responsável por este projeto, uma vez que, o número de passageiros tem aumentado e atingiu em maio o maior pico.
Novo reforço de linhas
A autarquia aprovou ainda os contratos de concessão de serviço público de transporte de passageiros regular das linhas busCas entre Cascais-Hospital, Estoril, Malveira-Hospital e São Domingos de Rana (SDR) Oeste.
No caso dos quatro novos autocarros será criada uma ligação rápida da estação ferroviária de Cascais ao hospital, «em complemento dos serviços regulares existentes», um novo circuito rápido entre a estação do Estoril e Alcoitão, «servindo polos geradores de tráfego, como empresas, escolas e superfícies comerciais». Outra aposta passa pela ligação entre o hospital de Cascais e a Malveira da Serra, que servirá também Janes, Zambujeiro e Murches.
Já a linha SDR Oeste irá criar uma ligação circular entre escolas e superfícies comerciais de São Domingos de Rana, Tires e Matarraque, permitindo o interface com a carreira SDR Norte, carreira circular que faz ligação entre Trajouce, Abóboda, Outeiro de Polima e Tires, e com a carreira 488 Parede, que liga Matarraque à Parede.
Estas novas linhas, tal como aconteceu com as anteriores, vão ser acompanhadas pelo reforço do estacionamento e pelos acordos feitos com empresas de transportes públicos. É o caso da CP – que integra o valor do estacionamento no passe – e mais recentemente da Carris e do Metro. «O apoio à subsidiação que estamos a fazer nos passes decorre daquilo que é a receita de estacionamento, receita essa que advém dos que nos visitam», salienta a Cascais Próxima.
Recorde-se que, já foram construídos/requalificados 30 parques, o que se traduz em mais de 2500 lugares. Estão ainda previstos construir mais quatro parques – Quinta da Carreira, Matarraque II, Junqueiro, Quinta do Barão e Bairro da Torre – como o objetivo de servir de apoio às estações da CP e aos residentes, facultando mais de 650 lugares.
«O estacionamento, sob o lema ‘em Cascais temos sempre lugar para si’, todos os dias procuramos soluções para quem cá mora e para quem nos visita. Como tal, é importante que o ordenamento do espaço público, e do estacionamento seja assegurado. Neste sentido, todos os cidadãos, independentemente de residirem ou não no concelho de Cascais podem aceder aos serviços MobiCascais. Integrados neste sistema, existem hoje muito mais estacionamentos, disponíveis para quem mora, trabalha ou nos visita», revela ao SOL.
Estacionamento para moradores
Uma outra novidade diz respeito à possibilidade dos utilizadores particulares – com residência fiscal em Cascais e que queiram estacionar em zonas tarifadas do concelho – passem a ter direito a 100 minutos de estacionamento gratuito. O projeto está em fase de desenvolvimento, mas será finalizado ainda este mês.
A ideia é avaliar durante um ano esta iniciativa. O objetivo é simples: a autarquia quer perceber a oferta e a procura e a consequente melhoria da qualidade da mobilidade dos munícipes. No entanto, o período de tempo não tem que ser usado de uma vez só, nem no mesmo local. Isto significa que, o utilizador pode estacionar em qualquer zona tarifada, mediante disponibilidade de lugares, tipologia de oferta e procura dos mesmos, com exceção das artérias não disponíveis.
«O morador passa a ter acesso a uma oferta 100 minutos diários gratuitos não cumulativos, a utilizar livremente ao longo do dia e que vai funcionar para que os cerca de 210 mil cascalenses possam beneficiar e usufruir dos serviços e comércio local, sem terem de pagar para estacionar 10, 15 até 100 minutos. O objetivo é a gestão do espaço público, para garantir a rotação do estacionamento, nunca prejudicando quem cá mora», acrescenta.
Mas para beneficiar desta modalidade, o morador tem de preencher um formulário e apresentar um comprovativo de morada fiscal e um comprovativo de propriedade ou uso de viatura.
Partilha de bicicletas
A outra aposta do concelho é o serviço de bicicletas partilhadas convencionais, sem motor elétrico para utilização pública. E, para isso, estão disponíveis várias bicicletas Mobi que se encontram parqueadas em docas identificadas em vários pontos de todo o concelho.
Numa primeira fase, o sistema arrancou com 11 estações de bike sharing. Cascais e Estoril foram as primeiras freguesias onde foi implementado, seguidas de São Domingos de Rana, Carcavelos e Parede e agora Alcabideche.
Neste momento, o primeiro município a integrar a bicicleta no sistema de transportes está a construir 71 estações de bike sharing pelo concelho e que se vão juntar às 13 já existentes (ver lista ao lado).
As metas, de acordo com a entidade responsável, está cada vez mais próxima de atingir os objetivos: concluir 70 quilómetros de ciclovias e ter à disposição dos utilizadores 1.200 bicicletas. A ideia é simples: tornar este meio de transporte cada vez mais recorrente.
E para tornar todo o processo mais simples, ao novo sistema «está associada a tecnologia inteligente, a qual, através de uma plataforma ‘online’ permite informar sobre a disponibilidade de bicicletas e lugares, informação do estado do aluguer, alarme anti-vandalismo e vídeo vigilância», acrescenta.
Entre 2002 e 2016 a autarquia investiu 71,3 milhões de euros em vias de circulação. As bicicletas saíram a custo zero, porque resultaram de parcerias com privados, já os autocarros custam entre 70 e 100 mil euros, mas serão adquiridos com base nas receitas dos estacionamentos.