Mais discretos que os vinte segundos sobre imigração, foram os cinco que dissiparam uma dúvida que começava a ficar antiga: sobreviverá a liderança de Passos Coelho às eleições autárquicas e ao congresso do partido no início do próximo ano? O presidente acredita que sim. «Cá estaremos em 2018», prometeu Passos Coelho, na Festa do Pontal, que acontece todos os verões. «Cá estaremos», reassegurou à plateia.
A reunião magna que consagrará a reeleição de Passos ou de um novo líder para os sociais-democratas parece, então, ter dois concorrentes garantidos. O atual líder da Oposição e o ex-presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, que vem contando espingardas, mas que, sabe o SOL, não viu a ‘vaga de fundo’ no aparelho que esperava.
Um ataque constitucional
Em temporada das autárquicas, Passos foi também à reentrée do partido falar da história da Constituição portuguesa. O político que tantas vezes foi acusado de ataques ao texto constitucional enquanto primeiro-ministro não hesitou em contar um pouco do seu passado para criticar a solução de governo conhecida como ‘geringonça’.
Para Passos, a maioria parlamentar da esquerda «está a reinterpretar a nossa história constitucional».
«As revisões constitucionais essenciais para o Portugal moderno de hoje não seriam feitas com a ‘geringonça», garantiu Passos, acerca das revisões de 1982 e ’89, que abriram a economia ao projeto europeu e ao investimento estrangeiro numa «verdadeira economia social de mercado». Um Portugal «reformista», «moderno» e «com futuro», descreveu Passos, para quem «cumprir o défice não chega para ganhar» esse futuro.
Depois, houve lugar para mais críticas, desta vez centralizadas em António Costa. Sobre a entrevista que o primeiro-ministro deu no fim-de-semana anterior, com acusações à PT de ter feito colapsar o SIRESP, Passos mostrou dúvidas. No fim-de-semana da tragédia de Pedrógão Grande, Costa «deu uma entrevista em que desvalorizava as falhas do SIRESP», recordou. Na entrevista mais recente, por outro lado, Costa deu uma entrevista em que acusa a PT das falhas no SIRESP e Passos estranhou: «A preocupação do primeiro-ministro é com o SIRESP ou é com a Altice?».
«O primeiro-ministro, sabendo que o sistema que vem falhando tem a cara dele, pretenderia minimizar os problemas do sistema? Afinal não. Veio dizer que as falhas são graves e que podem trazer consequências para a população portuguesa», denunciou, acrescentando que «o SIRESP foi aprovado pelo dr. António Costa quando era ministro».