«O PS está há dez anos à frente da Câmara de Lisboa, oito deles com maioria absoluta, e é este o balanço que os lisboetas são chamados a fazer» no dia 1 de outubro, disse João Ferreira, o candidato da CDU. Teresa Leal Coelho, do PSD, aproveitou a deixa: «As pessoas que querem viver em Lisboa, não conseguem viver em Lisboa e não conseguem viver em Lisboa porque as políticas que foram seguidas pelo atual executivo camarário, que como dizia o João_Ferreira e muito bem, está sentado na cadeira da Câmara Municipal de Lisboa há dez anos, e com maioria absoluta há oito anos, e que nunca pensou criar condições para que as pessoas que queiram viver em Lisboa aqui vivam».
E nesses anos de executivo, a população de Lisboa não envelheceu apenas o correspondente à passagem desses dez anos, transformou-se em quase um quarto de reformados, a julgar pelos números apresentados pela candidata do PSD (125 mil pessoas entre os 500 mil que atualmente habitam na cidade têm mais de 65 anos) e secundadas com um aceno de cabeça pela candidata do CDS, Assunção Cristas.
A líder centrista, que testa em Lisboa a sua liderança pela primeira vez nas urnas, sublinhou que «a população está muito envelhecida», acrescentou que «há poucas famílias com crianças» e propôs que a câmara comece o rejuvenescimento incentivando ao nascimento de mais habitantes: «precisamos de trabalhar em apoios à natalidade». A liderança pode ser nova, mas a receita do CDS_é eterna, mais filhos e mais ajuda aos idosos, «para garantir que mais ninguém na nossa cidade fique isolado e sem uma mão amiga».
Ricardo Robles, candidato do Bloco de Esquerda, juntava ao balanço de dez anos da gestão PS «a prioridade das prioridades» na cidade que é a habitação, e extraía a fórmula: «Temos de olhar para os dez anos das maiorias absolutas do PS_em Lisboa para fazer esse balanço: o que é que foi feito?».
Como é lógico nestas perguntas da retórica política, Robles trazia, para do número das páginas das promessas de habitação do programa político do PS_em Lisboa em 2013, a conclusão que nenhuma das 5000 famílias que Fernando Medina havia prometido trazer para Lisboa chegou à cidade dois anos depois.
Provavelmente, por causa do problema da mobilidade, outro dos grandes temas discutidos no debate que a SIC realizou esta semana. Medina ainda respondeu a Robles afirmando que nunca havia prometido trazer as pessoas em dois anos – apenas «prometi que as trazia» –, o que levanta dúvidas sobre qual é o prazo aceitável para a concretização de uma promessa de campanha?
Mobilidade, transportes, turismo, gentrificação, desses grandes problemas e até de Madonna se falou – «temos que corrigir os problemas para as pessoas e não para a Madonna» –, mas foi a habitação a garantir parte do arsenal de argumentos contra a gestão PS de Lisboa.
«A habitação nunca foi uma prioridade da câmara em dez anos de PS», atirou Teresa Leal Coelho, enquanto João Ferreira sublinhava que «muito pouco foi feito ao longo destes dez anos para promover o acesso à habitação àqueles que nos últimos se viram empurrados para fora de Lisboa».
Medina apontou sempre para o futuro, não se deixando enveredar na teia do fim de ciclo, e sublinhou que a câmara anda a comprar património «para construirmos habitação a preços acessíveis para a classe média».