Supremo Tribunal anulou eleições no Quénia

A decisão foi tomada por se terem verificado fraudes eleitorais. Serão marcadas novas eleições nos próximos 60 dias.

O Supremo Tribunal do Quénia anulou o resultado das recentes eleições presidenciais, que tinham dado a vitória ao Presidente e re-candidato Uhuru Kenyatta e ordenou a realização de novas eleições, num prazo de 60 dias.

Numa conferência de imprensa organizada para comunicar a decisão do coletivo de seis juízes, David Maranga, juiz da instância judicial, declarou que «o primeiro responsável [a comissão eleitoral] falhou, negligenciou ou recusou conduzir as eleições presidenciais de uma forma consistente com os ditames da Constituição».

Kenyatta lamentou que «seis pessoas tenham decidido contra a vontade do povo», apesar de ter anunciado que não irá recorrer da decisão dos juízes. «O tribunal tomou a sua decisão. Nós respeitamo-la. Não concordamos com ela. Essa é a natureza da democracia», explicou. Em declarações aos jornalistas, na sexta-feira, o Presidente apelou a que todos os cidadãos respeitem a decisão do tribunal e enfatizou a necessidade de paz no país.

Reação diferente teve o principal candidato da oposição, Raila Odinga, que afirmou que os responsáveis da comissão eleitoral cometeram um crime contra o povo do Quénia. «Não temos fé nenhuma na comissão eleitoral como está constituída. Cometeram atos criminosos. A maioria deles pertence à cadeia e, portanto, vamos pedir a acusação de todos os seus responsáveis que causaram este crime monstruoso contra o povo do Quénia», declarou peremptoriamente.

Os juízes do Supremo Tribunal começaram a analisar os procedimentos e resultados eleitorais no seguimento de uma petição, submetida por Odinga, que pedia a anulação das eleições por alegadas fraudes. Entre os seis juízes que compõem esta instância judicial, quatro decidiram pela anulação. Teme-se que se assista ao aumento da instabilidade política no país, nas vésperas de nova corrida eleitoral para o cargo político mais importante do Quénia.