A erupção de novos e violentos confrontos entre o exército birmanês e os rebeldes do Exército de Salvação dos Rohingya de Arracão (ARSA, na sigla em inglês), no estado de Rakhine, já levou perto de 73 mil rohingyas a fugir para o Bangladesh.
O número de refugiados daquela minoria muçulmana que cruzaram a fronteira em pouco mais de uma semana foi revelado, este domingo, pela porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados para a aquela região asiática. “A maioria das pessoas que estão a chegar [ao Bangladesh] encontram-se completamente exaustas”, lamentou Vivian Tan, em declarações à Al-Jazeera. “Algumas contam que não comem há dias e outras estão completamente traumatizadas”, acrescentou ainda.
Perseguidos há várias décadas na Birmâmia – as acusações de limpezas étnicas e crimes contra a humanidade têm sido repetidamente negadas por Aung San Suu Kyi, líder não oficial do país e Nobel da Paz –, os rohingyas viram-se novamente no meio de fogo cruzado quando, no passado dia 25 de agosto, dezenas de edifícios da polícia foram atacados por combatentes do ARSA e espoletaram uma retaliação brutal do exército.
“Fugimos para o Bangladesh para nos salvarmos. Os militares e os extremistas do ARSA estão a queimar-nos, a matar-nos, e a incendiar as nossas aldeias”, conta um refugiado rohingya à Associated Press.
Os confrontos já fizeram mais de uma centena de mortos e motivaram a reprovação de António Guterres à atuação das autoridades birmanesas. Num comunicado divulgado na sexta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas mostrou-se “profundamente preocupado com os relatos de excessos durante as operações das forças de segurança do Myanmar” e apelou às “abordagens holísticas” para resolver o conflito étnico.