Angola está a ameaçar Portugal com o corte de relações diplomáticas e de apresentar uma queixa nos tribunais internacionais contra o antigo colonizador. É verdade que as relações entre os dois países já tiveram vários picos de tensão e nunca se chegou a extremos.
Mas o que acontecerá se o governo angolano continuar a insistir que Portugal está a pôr em causa a sua soberania e decidir mesmo o corte de relações diplomáticas? O caos.
O corte de relações diplomáticas implica imediatamente o fecho das respetivas embaixadas e a saída – ou “expulsão” – dos embaixadores. Passaria a ser praticamente impossível que um dos Estados aceitasse passar um visto de entrada no respetivo país a um cidadão do outro. Da mesma forma, os vistos de residência e de trabalho não seriam renovados. Ora, em Angola vive e trabalha um contingente gigante de portugueses – entre 100 mil e 150 mil – que seriam obrigados a regressar a Portugal. Tanto a TAP como a TAAG, companhia aérea angolana, deixariam de fazer viagens entre os dois países.
Da última vez que Portugal e Angola estiveram à beira da rutura, em 2013, também por causa de investigações judiciais a altas figuras do Estado – já na altura, Manuel Vicente e o chefe da Casa Militar de José Eduardo dos Santos, general Manuel Hélder Vieira Dias (“Kopelipa”) –, a tensão diminuiu depois do então ministro da Justiça, Rui Machete, ter pedido desculpas ao governo angolano. O gesto do governo de Passos Coelho foi muito polémico e criticadíssimo pela oposição.
É difícil (senão impossível) repeti-lo agora, nos mesmos termos.
