O autoproclamado Estado Islâmico divulgou ontem uma gravação que diz pertencer a Abu Bakr al-Baghdadi, o seu desaparecido e suposto califa, contrariando os relatos da sua morte avançados pelos governos russo e iraniano no início do verão.
O grupo já havia desmentido o Kremlin quando as suas forças armadas anunciaram com um alto grau de probabilidade que haviam atingido o líder na Síria. No entanto, Moscovo nunca o confirmou “a 100%” e o registo divulgado ontem contradiz as alegações do Kremlin e dos seus aliados iranianos no terreno.
O Estado Islâmico não diz em que data a gravação foi feita, mas Baghdadi comenta a escalada recente de ameaças entre norte-americanos e norte-coreanos, sugerindo que foi recolhida pelo menos por volta do mês de agosto.
O autodesignado califa fala da reconquista de Mossul pelo governo iraquiano como um momento triunfante para o grupo, apesar de este ter perdido lá o seu bastião mais importante, uma vez que os jihadistas se recusaram a “abrir mão da cidade a custo da sua carne e sangue”.
Aos militantes, Baghdadi pede que não entreguem as armas, recusem tréguas e ataquem os centros de informação inimigos.
Não há imagens de Baghdadi desde que surgiu em Mossul e declarou a criação de um califado sírio e iraquiano, em 2014.
Desde então, só muito espaçadamente o grupo divulga gravações suas, como a que apresentou ontem: parte escritura, parte exortação, o líder fala cerca de 46 minutos, de acordo com a Reuters.
O grupo já perdeu mais de 90% do território que chegou a controlar no Iraque e 85% na Síria. Em todo o caso, Baghdadi diz aos apoiantes que lutem até à morte. “Se não fosse por nós, estariam pior”, cita o “Guardian”.