Fez 40 este ano. Se politicamente é um jovem, ideologicamente também dispensa a velhice. A visão da Europa é moderna, a visão dos costumes é liberal.
É quadro do PSD há 22 anos e num ano deixou de ser presidente da maior distrital do país (Lisboa) para ser potencial candidato à liderança do partido.
Com a saída de Pedro Passos Coelho, o futuro antecipou-se. E o nome que ninguém estava à espera para este ano antecipou-se com o futuro. Por trás do nome, o que está?
Em discurso recente, numa conferência dada no município onde é vice-presidente (Cascais), Pinto Luz olhava para aquele que, para si, é o maior desafio contemporâneo: “Defender valores comuns.”
“A liberdade, a democracia, a autonomia, o progresso económico, a justiça social, a segurança dos nossos cidadãos e a proteção do nosso planeta”. As referências políticas foram apontadas ao centro. Macron, em França; Ciudadanos, em Espanha.
Próximos do jovem autarca identificam outros dois pontos. “O discurso, se reparar, é sempre à volta de uma ideia de futuro. A ideia de preservar o planeta, num país em que as causas ambientais costumam estar longe do centro, a ideia de o progresso económico andar de mãos dadas com a justiça social. Já começou a fazer isso na Câmara de Cascais.”
Outro descreve que “o lado moderno” do amigo se vê no gosto “pelas tecnologias”. Pinto Luz, afinal, é engenheiro de formação. No segundo (e breve) governo liderado por Pedro Passos Coelho, foi secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações. A experiência executiva deu-lhe currículo e pedigree político. Mas esse curto período de tempo não proporcionou uma notoriedade comparável aos “senadores” também tentados pela sucessão a Passos. Uma candidatura mais “de projeto” que unipessoal é o ambicionado. Além da popularidade por conquistar, “alguma frieza com multidões” é algo que o mesmo contemporâneo de partido aponta ao i como obstáculo a ultrapassar.
“É um tipo metódico, trabalhador, criativo, sempre ocupado.” O i sabe que a agenda do social–democrata é de tal modo preenchida que muitas vezes convida conhecidos da arena política para andar de bicicleta pelo município cascalense e conversar. Junta-se o desporto e a política, poupa-se no tempo.
Aos 40 anos, Miguel Pinto Luz é mais jovem que qualquer dos presidentes que o PSD elegeu até agora na sua história. Aníbal Cavaco Silva tinha mais quatro, José Manuel Durão Barroso mais três. Mas que as ambições de Pinto Luz são hoje mais nacionais que autárquicas é uma evidência. Já não é segredo para ninguém. Nem é preciso ser ciclista. Mas pelos vistos, a ambição da liderança do partido foi adiada.