As duas grandes organizações palestinianas chegaram esta quinta-feira a um “acordo final” com que prometem acabar a divisão dos territórios e a guerra que levam mais ou menos abertamente há dez anos – e que por várias vezes pareceu resolvida com acordos de paz que acabaram tombando.
“Dou as boas-vindas ao acordo”, reagiu esta quinta o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, o líder da Fatah. “Recebi um relato detalhado por parte da delegação da Fatah, falando do que foi negociado e considero que o acordo final acaba com a divisão.”
Existem reservas quanto ao acordo, negociado sob a égide do Egito, onde foi também anunciado. Alguns observadores suspeitam que o Hamas, o movimento radical islamista que controla Gaza, quer apenas ver-se poupado às sanções do governo da Fatah na Cisjordânia.
A selar de facto as fraturas entre os movimentos, porém, o acordo desta quinta pode representar uma nova era na política palestiniana, unindo os dois territórios e recuperando alguma legitimidade internacional – os defensores de um Estado palestiniano encaram a fratura entre os grupos como um dos principais problemas no diálogo.
Apesar de fracassos passados, o acordo de ontem parece mais credível: o Hamas, de resto, perdeu recentemente o financiamento vindo do Qatar e está a braços com uma das maiores crises económicas em Gaza; e a Fatah, por seu lado, moderou também a resposta ao rival.
O acordo levantará as barreiras ao fornecimento da eletricade para Gaza, restituirá um emprego a dezenas de milhares de empregados da Autoridade Palestiniana no território e, em troca, o governo de Gaza passará para as mãos de um executivo de unidade liderado pela Fatah de Abbas.
A Fatah controlará também a travessia fronteiriça para o Egito, assim como uma nova força militar conjunta. Abre-se um “novo capítulo na História palestiniana”, lançava um porta-voz do Hamas, Salah al-Bardawil, nada dizendo, como o acordo, sobre o futuro dos cerca de 25 mil militantes armados do grupo.