A comissão de peritos defende que as Forças Armadas “estão subaproveitadas nas operações de defesa da floresta e de combate aos incêndios rurais”. Durante os trabalhos, alguns peritos deslocaram-se à Unidade Militar de Emergências, em Madrid, e trouxeram propostas concretas, quer de um maior aproveitamento dos militares no apoio logístico, nas vias de comunicação, patrulhamento de áreas com elevado risco e no apoio logístico às populações durante evacuações.
As propostas da comissão, que começam hoje a ser discutidas num debate de atualidade pedido pelo PSD, incluem um maior envolvimento da sociedade. “Deixar de fomentar o mito do fogo posto e passar a contribuir para a prevenção de comportamentos de risco” é um dos apelos. Os peritos assinalam que 98% dos incêndios têm origem humana, mas que a maior parte estão associados a negligências e acidentes e não a atos criminosos. Ainda assim, em Pedrógão Grande e Góis, a convicção da comissão é que o fogo começou com uma descarga elétrica causada por um raio, corroborando a tese inicial da PJ e que foi considerada pouco provável pelos relatórios do Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Os peritos consideram que danos nas linhas, com rutura de fios na rede elétrica, algo atestado pela EDP, apontam nesse sentido.
Sobre a rede SIRESP, que a comissão declara ter sido “notório” que falhou, contrariando a perceção tanto da sociedade gestora como do grupo Altice PT, os peritos defendem que deve haver mais antenas móveis e que a rede de fibra ótica, sempre que possível, deverá passar por condutas subterrâneas – algo que já tinha sido defendido por António Costa mas que o grupo Altice veio a público dizer que carecia de estudo quanto à eficácia numa situação destas, já que houve calhas danificadas. Avançar para um sistema mais avançado, 3G ou 4G, é outra proposta, já que a comissão considera que o atual está “obsoleto”.
Para já, não há compromissos do governo. Ontem o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos indicou que vai acolher as “recomendações que considerar pertinentes” do relatório. Um dos apelos dos peritos é que cessem as mudanças de política a cada governo. “Impõe-se a continuidade e determinação no prosseguimento das políticas independentemente das mudanças de (e nos) Governos. O Sistema precisa de maturidade e ética na forma como a política é exercida”.