Ceder ao estilo do adversário não é algo que Rui Rio queira nesta campanha para a liderança do PSD. O seu caminho está traçado há muito e não inclui 21 debates em todas as distritais sociais-democratas, como propôs Pedro Santana Lopes. “Esta proposta de fazer 20 debates é uma proposta coerente com o estilo do meu adversário, mas desfasada do que eu entendo que devem ser estes três meses que temos pela frente”, disse Rio em nota enviada à agência Lusa.
No texto, em que acusa o seu adversário de, na apresentação da candidatura, no domingo, em Santarém, ter referido “indiretamente algumas mentiras e meias verdades”, Rio diz que não quer a campanha transformada num circo mediático, algo que Santana Lopes domina e o ex-autarca do Porto nem por isso.
“Esta campanha interna para a liderança do PSD tem de ser um momento de esclarecimento das propostas dos candidatos e de debate com os militantes, Não deve ser transformada num espetáculo ambulante pelo país fora”, diz a nota. Além de que, continua, “não são precisos 20 debates para que a verdade possa ser facilmente reposta”.
Por exemplo, Rio garante que nunca esteve presente “nas sessões da aula magna contra o governo do PSD”, tal como nunca foi “tão colaborativo com essa mesma esquerda, ao ponto de conseguir ser nomeado pelo atual governo” para “um alto cargo público”, referindo-se ao facto de Pedro Santana Lopes ter mantido com António Costa a presidência da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, para a qual tinha sido nomeado por Pedro Passos Coelho.
“É impossível verem-me onde eu não estive, e não se ver outros onde eles estiveram, principalmente quando somos convidados a fazer exercícios de coerência discursiva”, conclui a nota de Rui Rio.
Santana responde “Queremos lamentar a recusa, naturalmente, e manifestar uma grande admiração pelo facto de se recusar uma sugestão – tratou-se de uma sugestão e não de um desafio”, disse o porta-voz da candidatura de Santana Lopes, citado pelo “Observador”. “Não foi feito nenhum desafio ao Dr. Rui Rio”, garantiu Fernando Negrão.
O deputado deixou ainda o aviso de que não sendo estes debates aceites por Rio, Santana Lopes poderá não aceitar quaisquer outros, inclusive nas televisões ou em qualquer outro meio de comunicação. “As eleições são no partido” e “é perante o partido que se deve debater e que se não forem aceites estes debates, outros poderão não acontecer”, disse. “O que conta são as bases e os militantes”, “os debates prioritários têm de ser com os militantes”, acrescentou Negrão. Para quem a recusa “liminar” de Rio inviabiliza a possibilidade de redução no número de debates: “Um meio termo aqui é difícil”.