Lançada a 30 de outubro, a nova aposta do Estado para atrair as poupanças dos portugueses pôs fim ao campeão de atração de poupanças, os Certificados Poupança Mais (CTPM). E tal como este, é possível subscrever nos CTT e não só, já que os Correios perderam a exclusividade de comercializar este produto que passa a estar disponível no site da agência do Estado que gere a dívida público e também nas lojas do cidadão.
O valor nominal de cada unidade dos Certificados de Tesouro Poupança Crescimento (CTPC), tal como já acontecia com o Poupança Mais, é um euro e pode investir-se um mínimo de mil euros e um máximo de um milhão de euros. A única diferença – além dos juros a pagar – é também o prazo de emissão, que passa a ser de sete anos, em vez dos habituais cinco anos.
Cada subscrição vence juros com uma periodicidade anual (sem capitalização de juros) e o resgate só é possível um ano após a data-valor da subscrição. No entanto, se o subscritor solicitar o reembolso antecipado, perde os juros corridos desde o último pagamento. “Decorrido o 1.º ano, poderão ser efetuados resgates, a todo o tempo, acarretando a perda total dos juros decorridos desde o último vencimento de juros até à data de resgate”, explica o ministério das Finanças, responsável pelo lançamento deste produto de poupança.
E qual o valor de remuneração? A taxa de juro é crescente, sendo que no primeiro e segundo anos é pago 0,75% (remuneração bruta), sobe para 1,05% no terceiro ano, 1,35% no quarto, 1,65% no quinto, 1,95% no sexto até atingir no último ano 2,25%. A taxa de juro a partir do 2 º ano é acrescida de um prémio, correspondente a 40% do crescimento médio real do PIB a preços de mercado nos últimos quatro trimestres conhecidos no mês anterior à data de pagamento de juros.
No entanto, o prémio apenas tem lugar no caso do crescimento médio real do PIB ser positivo e fica limitado a um máximo de 1,2% em cada ano, equivalente a 40% de um crescimento médio real do produto interno bruto (PIB) de 3%.
Mas vamos a valores. Se uma aplicação de mil euros nos Certificados Poupança Mais rende no mínimo cerca de 80 euros em cinco anos, o mesmo montante investido neste produto de poupança rende cerca de 40 euros, ou seja, metade. Isto assumindo uma tributação de 28% sobre os rendimentos.
“Enquanto os CTPM garantiam um rendimento líquido de 1,6% ao fim de 5 anos, nos CTPC a taxa garantida é de apenas 1% líquidos, após 7 anos. Ou seja, um dos produtos de capital garantido que se apresentava como uma hipótese atrativa de investimento levou uma machadada no rendimento”, revelam os economistas da Proteste.
Aforro também não é alternativa
Um outro produto de poupança do Estado são os Certificados de Aforro, em que a taxa de remuneração é calculada com base na média dos valores da Euribor a três meses observados nos dez dias úteis anteriores, acrescida de 1%. Como, atualmente, a Euribor está em valores negativos, a taxa de juro para novas subscrições de certificados de aforro (série E) foi fixada em 0,671% bruta e é uma opção para quem pretende aplicar montantes pequenos. A explicação é simples: aceita investir a partir dos 100 euros.
No entanto, se pretende “fugir” das alternativas disponibilizadas pelo Estado pode optar por outros instrumentos financeiros. O i fez uma ronda pelos vários produtos de poupança e encontrou várias alternativas, umas com menos risco, outras com mais. A partir daí é só escolher:
Depósitos a prazo
Se a simplicidade é uma das suas vantagens, a taxa de remuneração oferecida torna este produto financeiro menos atrativo devido à queda da taxa da Euribor em todos os prazos. Apesar de ter vindo a perder adeptos nos últimos anos devido às taxas de juro que apresenta, continua a ser um dos instrumentos de poupança preferidos dos portugueses. A maioria dos depósitos está a pagar, em média, uma remuneração próxima de zero, ainda assim, poderá contrariar esta tendência se procurar as ofertas para novos clientes ou montantes elevados. Além disso a segurança deste produto continua a ser a sua grande vantagem, uma vez que beneficia do Fundo de Garantia de Depósitos. É certo que não existe nenhuma aplicação financeira que esteja 100% isenta de risco, mas também é verdade que há aplicações que comportam um risco maior do que outras.
Fundos de tesouraria
Os fundos de tesouraria poderão ser uma alternativa sobretudo numa altura em que os depósitos a prazo apresentam retornos muito baixos. Para quem pretenda escolher um produto de baixo risco, esta classe de fundos de investimento pode ser atrativa. Estes fundos apostam sobretudo em títulos de grande liquidez (depósitos a prazo, papel comercial) e, como tal, oferece um bom grau de segurança. Esta segurança sai ainda mais reforçada face à diversificação do investimento que está associada aos fundos de investimento. A DECO garante que estes fundos de tesouraria são indicados para aplicar até um ano, sobretudo se não tiver a certeza de conseguir manter o investimento por mais tempo. Ao contrário da maioria dos depósitos a prazo, estes fundos não penalizam pelo resgate, pois a valorização é calculada diariamente. Mas este exige um pré-aviso que varia de um a três dias, consoante o fundo.
PPR
Os Planos Poupança Reforma (PPR) têm vindo a perder parte do interesse nos últimos anos, devido à redução de benefícios fiscais. E o interesse de continuar a aplicar em PPR fica circunscrito aos aforradores entre os 40 e os 55 anos. “Quem está a menos de dez anos da aposentação não deve aplicar mais dinheiro em PPR”, refere a DECO. “Se tem um PPR e o desempenho deixa a desejar, transfira-o para outro mais rentável e com menos custos”. A aposta no reforço da reforma poderá ser feita, por exemplo, através de fundos PPR. Estes produtos são disponibilizados pelas gestoras de ativos, sendo possível escolhê-los de acordo com o perfil de risco do aforrador. Estes são segmentados por níveis diferentes de risco, de acordo com o grau de exposição ao investimento em ações. O Estado apresenta igualmente um produto próprio, mas também não tem tido grande sucesso.
Ouro
O ouro por norma chama a atenção dos investidores quando se assiste a momentos turbulentos na bolsa, já que é encarado com um bom refúgio no caso de uma grave crise mundial e do colapso do sistema financeiro. No entanto, esta vantagem só se aplica ao metal em termos físicos, já que, no que toca ao investimento em produtos financeiros associados ao ouro (fundos ETF, entre outros), é preciso ter em conta que a cotação desta matéria-prima é extremamente difícil de prever. Há ainda outras desvantagens e que estão associadas ao seu potencial de valorização e à especulação do mercado. E, ao contrário do que possa pensar, quando decidir vender as barras nada garante que ganhe dinheiro. Por exemplo, quem comprou ouro em 2011 ou 2012 e tentar vender agora, apenas recuperará pouco mais de metade do valor aplicado. Se considerarmos as comissões e as margens praticadas pelos bancos a perda será ainda mais agravada.
Bolsa
Pode representar um negócio rentável, mas o risco é sempre mais elevado em relação aos outros produtos de investimento. O investidor pode fazer a compra individualmente, quando escolhe diretamente as ações que deseja, ou através de fundos de ações, ao adquirir unidades de participação de um destes instrumentos. Os especialistas aconselham os interessados a fazer este investimento a prazo (pelo menos a cinco anos) para ultrapassarem as flutuações do mercado. Qual a melhor solução para aplicar o seu dinheiro? O melhor é ir investindo de forma periódica e regular. A tendência dos mercados financeiros é para valorizar a longo prazo. O investimento periódico e regular permite ainda expurgar os efeitos da emoção no investimento. E não se esqueça da regra de “dividir para reinar”: ao escolher títulos de diferentes países e setores, consegue reduzir as flutuações do investimento.