Se tiverem alguma razão os pássaros que se agitam nos céus das nossas ficções, esse aviso precedendo uma tragédia qualquer, se um furor apocalíptico vier a abater-se sobre o mundo, e se as fitas com zombies e desastres de todo o feitio forem afinal um sonho premonitório em que nos vamos preparando para uma praga que faça da Bíblia um livro de estórias de embalar, é possível que só escapem à ira dos deuses aqueles lugares na Terra que, pela sua insularidade, sirvam como arcas de Noé.
Germano Almeida é uma espécie de Noé cabo-verdiano. Ao arrepio do que acontece com a maioria dos escritores, que adoram reclamar a condição de autores universais, o gigante afável não hesita em dizer que, para si, Cabo Verde é o centro do mundo. O único romancista do país com alguma expressão no estrangeiro, há alguns meses deixou bem claro que, se isso o contente, escreve “para ser entendido pela minha gente”. A sua grande desilusão seria se os cabo-verdianos não o entendessem.
Nesta entrevista, dada logo após ter participado numa das mesas do “Morabeza” – festival literário promovido pelo Ministério da Cultura do país e organizado pela Booktailors no início do mês na Cidade da Praia –, a ideia foi furar a superfície, ficar como uma imagem do arquipélago mais realista do que essa posando para os postais. O país vive, afinal, um momento decisivo, e o que escapa às campanhas de promoção turística como a que o mais recente número da “revista LER” impinge – “um guia para iniciar a descoberta” de Cabo Verde –, são os desafios de uma nação que não tem grandes alternativas. Pobre, sem outra riqueza que não a sua distância e uma certa virgindade face ao primeiro mundo, com a sua quota do Éden ainda por estragar, o país está endividado e começa a olhar para o projecto socialista como uma fantasia irrealista.
O que acha da sessão em que participou?
Sempre assumi que os títulos das mesas eram para ser indicativos do debate. Verifiquei que, efectivamente, os títulos das mesas não tinham nada a ver com as perguntas que foram feitas pelos moderadores. Foi o caso da nossa mesa. O título era “Porton di nos ilha”, que é uma balada do Renato Cardoso. Uma balada muito bonita, muito significativa, em que faz uma espécie de antevisão do futuro de Cabo Verde. “Quando o novo mundo surgir no portão das nossas ilhas…” Estava à espera que fosse esse o horizonte da nossa conversa. Mas afinal o moderador escolheu uma via completamente diferente. Acabou por ser engraçado, de qualquer modo. Nós também nos sabemos adaptar.
E sobre este modelo dos festivais literários, agora que chega a Cabo Verde, o que pensa deles?
O modelo adoptado não creio que seja mau – parece-me bem que tragam escritores de fora. Talvez a duração do evento é que tenha sido curta. Mas é bom que venham escritores de fora, e que estes possam conviver com os cabo-verdianos. É importante este contacto sobretudo para as pessoas que têm pouca possibilidade de sair das ilhas. Agora, não creio que este modelo, isoladamente, seja suficiente para internacionalizar a literatura cabo-verdiana como se pretende. Acho que seria mais útil avançar para o incentivo das publicações cabo-verdianas. E estou a pensar não só o apoio à edição da literatura cabo-verdiana em Portugal como das traduções no estrangeiro. Mesmo em Portugal, sendo eu publicado pela Caminho – e isto deve-se a um conjunto de circunstâncias fortuitas que levaram a que esta editora conhecesse o meu trabalho, coisa que em condições normais não teria acontecido –, quando tentei que esta publicasse alguns autores cabo-verdianos nunca consegui. Eles diziam-me que se a publicação fosse financiada a coisa fazia-se, agora assumir os encargos sabendo de antemão que as vendas não chegariam para cobrir os custos, não dava.
Que comparação faz quanto a apoios aos autores em outros países?
Há uns anos estive no Brasil, e fora o Eça de Queirós e alguns mais, não havia autores portugueses nas livrarias. Dois ou três anos depois encontrei diversos autores portugueses publicados no país. Ao comentar isto com o director da Biblioteca Nacional portuguesa, ele diz-me que não é por acaso que isto acontece, mas porque foi lançado um programa de financiamento da publicação de autores portugueses no Brasil, e que essa era a única forma de encorajar as editoras a apostarem neles. Então, tenho vindo a defender que temos de encontrar formas de fazer o mesmo. É claro que primeiro temos de ter obras de qualidade que mereça a pena dar a conhecer fora do país.
Em anos recentes lembra-se de obras e autores que mereciam ser apoiados dessa forma?
Prefiro não entrar por aí, porque se lhe disser um nome, depois outros 50 vêm exigir-me satisfações.
Acredita que hoje Cabo Verde já tem um acesso mínimo à literatura dos países estrangeiros ou parece-lhe que há ainda um grande défice e que dificulta a um cabo-verdiano o encontro com os livros que possam despertar nele a vontade de se tornar escritor?
Há um défice muito grande. E também do ponto de vista da acção do Estado para colocar à disposição dos cabo-verdianos um conjunto de bibliotecas… Já tivemos algumas experiências nesse sentido, e não sei porque falharam, nem porque acabaram com elas. Há uns anos a Gulbenkian fez aqui a experiência das bibliotecas itinerantes, que era muito interessante. Não sei porque acabaram. O problema é que os livros são caros. Aliás, basta ver os livros aqui à venda [na feira do livro no átrio da Biblioteca Nacional, enquanto decorria o Morabeza], são caríssimos. Entendamos que ninguém que precisa de comprar um quilo de açúcar vai trocá-lo por um livro. Por isso são importantes as bibliotecas. E desde a escola primária tem de se incentivar as crianças à leitura, a ouvirem e contarem histórias, para crescerem embaladas por elas.
No seu livro “O Meu Poeta” (1989), o retrato que traça da cultura em Cabo Verde é absolutamente devastador. Primeiro ainda pensamos no livro como um exercício de sátira, e o livro dá parar rir, mas às tantas o tom é de tal modo corrosivo… Gostava de saber se, de lá para cá, se sente mais optimista quanto ao desenvolvimento de uma perspectiva mais crítica?
Tem melhorado, sim. Repare: nós vivemos durante demasiado tempo sujeitos a um partido único, e isso tende a criar vícios. Sempre imaginei que um político seria uma espécie de sacerdote, mas é certo que mesmo os padres são muito dados a malandrices. A corrupção tomou conta da sociedade cabo-verdiana. Amílcar Cabral costumava dizer que o pequeno burguês é o único que está em condições de fazer a revolução, mas só fará a revolução a favor dos pobres se cometer um suicídio dentro da sua classe. Não houve esse suicídio enquanto classe, antes pelo contrário: as pessoas que tomaram o poder exerceram-no em seu benefício. “O Meu Poeta” foi uma crítica a esse regime de partido único. Mas se digo que as coisas estão melhores, porque temos hoje um pluripartidarismo, em que as diferentes forças se vão revezando no poder, infelizmente, cada vez que um sucede a outro repete-lhe os mesmos vícios. Não temos tido, por isso, um nível de melhorias tal que me leve a dizer que mudámos de rumo. Estamos ainda nesse processo.
Para quem visita pela primeira vez Cabo Verde a surpresa é o nível de dependência do turismo e do investimento externo. Estes grandes empreendimentos chineses que se vêm aqui na Cidade da Praia e que ocupam já uma área significativa da orla marítima, o que significa que esta vai ser privatizada…
Vai ser destruída.
Isto é uma realidade nova para os cabo-verdianos…
Completamente nova. Foi a primeira vez que eu vi os projectos desse prédio enorme que os chineses estão a fazer na marginal. Costumo dizer que os políticos deviam ter formação primeiro. Sou republicano, sou completamente antimonárquico, mas reconheço que os reis tinham uma vantagem: eram preparados para o exercício do cargo. Desde pequenino que se sabia que fulano tal um dia seria rei e, portanto, era preparado nas mais diversas disciplinas para exercer o seu mister. Os nossos políticos não têm preparação. Pelo contrário, não querem trabalhar. Envolvem-se na vida partidária desde pequenos e vão crescendo com a perspectiva de aceder a esses privilégios. Não têm ideologia e não têm formação. Para eles o termos um prédio ao longo da orla marítima é bom simplesmente porque a Praia passa a ter um prédio enorme. Não vêm as implicações que isso possa ter a nível da ecologia e tudo mais. No fundo, são um pouco como o Trump: não têm qualquer perspectiva de longo prazo. E, como estão no poder, por mais fortes que sejam as críticas, eles nem ligam. É esse o drama que vivemos com os nossos políticos.
Acha simbólico o facto de estarmos a celebrar um festival literário num edifício [Biblioteca Nacional] que foi construído pelos chineses? Parece-lhe um modelo de colonização capitalista?
Não vou tão longe. Foi o governo chinês que ofereceu este edifício, e o da Assembleia Nacional há uns anos… o Palácio do Governo, também. Agora, aquele que está em construção na orla marítima é de um privado… Aquele lá… Legend…
Macau Legend Development.
Sim. Vai fazer o casino e não sei quantos… Nós não sabemos, além daquilo que foi dado em troca ao nível de obras públicas, o que entrou nos bolsos dos políticos. Porque se em Portugal vocês têm uma comunicação social que AINDA consegue escavar alguma coisa, nós aqui em Cabo Verde não temos.
A sua experiência é que a comunicação social neste país é apenas um órgão ao serviço do poder?
Não é bem isso. O que se passa é que se, primeiro, as pessoas não têm grande formação, em segundo, se um fulano resolve armar-se em carapau de corrida perde o emprego. As pessoas aqui têm medo, porque o meio é muito pequeno, têm família, não é fácil conseguir emprego… De maneira que as pessoas estão muito manietadas.
E como é para si, que não só retrata a realidade cabo-verdiana, como aquilo que escreve acaba por funcionar como uma crónica que será lida ao longo de anos, desempenhando também um papel enquanto testemunho histórico…? Como tem sido a sua convivência com aqueles que se vão revezando no poder?
É interessante porque no tempo do partido único eu era considerado um opositor… Aliás, fiz parte dos dirigentes do Movimento para a Democracia (MpD), nos anos 90, em que começámos a travar um combate contra o regime do partido único, e fizemos oposição ao regime para conseguir alguns assentos na Assembleia. Mas não tínhamos o intuito de ganhar eleições. Quando ganhámos as eleições o partido descaiu-se demasiadamente para a direita. Um partido que começou por se posicionar no centro-esquerda, acabou por resvalar para o centro-direita, com todas as privatizações que vieram a ser feitas e que, quanto a mim, têm prejudicado muito o país.
Pode dar-me exemplos de privatizações que fragilizaram a vossa capacidade de criar políticas de desenvolvimento?
Tínhamos uma empresa do comércio externo e que fornecia Cabo Verde de todos os produtos de primeira necessidade a preços competitivos. Como compravam grandes quantidades, o Estado podia negociar preços mais baixos, e porque estava dotada de transportes, conseguia colocá-los em todas as ilhas. Acabaram com essa empresa, acabaram com esses transportes, e hoje, anos depois, é ainda muito complicado conseguir que um barco leve de uma ilha para outra os produtos. Há muitas empresas aqui na Praia, como a Iogurel, que faz iogurtes, e produz bastante, mas que não consegue colocar nas outras ilhas porque não há meios de transporte. Depois há a privatização da banca… O caso mais significativo para a economia do país foi a do Banco Comercial do Atlântico e da CVTelecom. Essas foram as que, na minha opinião, mais prejudicaram o país.
E parece-lhe que as pessoas têm consciência do quanto isso as tem afectado?
Não, não têm, desde logo porque, com a liberalização do comércio nos primeiros anos de governação do MpD, nós que vivíamos numa sociedade com algumas restrições no tempo do partido único, em que havia algumas deficiências em termos dos produtos que eram importados, porque a preocupação era não gastar todas as divisas, com a liberalização, não só gastámos as divisas como começámos a pedir dinheiro emprestado, e foi por isso que fomos forçados a ir pela via das privatizações, e neste momento temos um Estado completamente endividado.
Esta equipa governamental parece reunir um certo favor popular, e é uma equipa jovem, chefiada por um primeiro-ministro que parece ser bastante acessível. Mas gostaria de saber a sua opinião?
É gente que tem uma formação muito liberal. Gente que acha que o estado não deve ter nada, que tudo deve ser privatizado. Eu discordo absolutamente desta ideia, e neste aspecto estou muito mais próximo do PAICV (Partido Africano da Independência de Cabo Verde), embora, tenha de acrescentar que o último executivo do PAICV não era muito diferente do MpD que temos. Querendo ou não estes partidos acabaram por reflectir excessivamente a orientação dos seus líderes. O antigo primeiro-ministro, sendo alguém com um discurso à esquerda, a política que seguia era de direita. Ele foi também um grande defensor das privatizações. E a nível dos direitos laborais, os trabalhadores foram muito prejudicados no regime do partido único e esse antecedente está ainda a marcar a actual tendência do PAICV. Temos portanto dois partidos que em muitas questões partilham uma mesma ideologia.
Voltando um pouco atrás, notei que tanto o Germano como o Arménio Vieira e outros dos escritores cabo-verdianos que por aqui passaram foram sempre bem acolhidos e saudados tanto pelos visitantes como pelos membros do governo. Apesar de exprimirem visões incómodas há à vossa volta um certo estado de graça.
Sim, temos de reconhecer que as pessoas gostam de nós, e mesmo aquelas ligadas ao poder não têm a coragem de nos chatear. Toleram-nos.
Então, ao contrário do que acontece na maior parte dos países, e em Portugal, onde já ninguém se interessa pelo que pensam os escritores…
O meio é mais pequeno, é por isso. Em Portugal há imensos escritores. Aqui somos poucos. Mas sim, não posso negar que há algum carinho das pessoas. Mesmo sabendo que não pertencemos à linha dos simpatizantes… Por exemplo, o primeiro-ministro vem aqui, passa por mim, e faz questão de parar, de me cumprimentar, e por aí fora. Podia passar e… andar. Também não me preocuparia, aliás, acharia normal. Porque ele sabe que não sou afecto à forma como ele dirige o país. Mas não há hostilidade. Ou, aparentemente, não há.
Como foi referido na sessão, há um certo sabor queirosiano na sua escrita, no modo como brinca e goza e sabe caricaturar as figuras sociais… Gostava de saber que outros escritores foram importantes na construção da sua identidade literária?
Desde miúdo sempre li muito. Lia imenso, lia toda a porcaria que me aparecia à frente. Costumo dizer que, na minha juventude, li todos os livros que havia na Boa Vista [ilha onde nasceu]. Mais tarde, já depois dos 20 anos, houve três escritores que me impressionaram: Eça de Queirós, primeiro, depois Jorge Amado e, muitos anos depois, o Gabriel García Márquez. Não posso garantir que tenha sido influenciado por eles, mas admito que tenha sido.
Uma das questões que surgiram na sessão prende-se com o modo como a sua obra foi crucial para abrir a perspectiva sobre aquilo que se pode esperar de um romance cabo-verdiano, nomeadamente por ter não seguir uma certa militância panfletária, fazendo do romance uma crónica solta das circunstâncias que o inspiraram. Deu-se conta do que estava a fazer, foi um salto que anteviu criticamente?
Não posso dizer que tenha acontecido propositadamente, mas também não foi um mero acaso. Escrever tem muito a ver com aquilo que somos. Eu era muito amigo do Baltazar Lopes da Silva, que escreveu o “Chiquinho” e uma série de outros contos, livros que marcaram a nossa juventude… Mas quando o conheci já um adulto, constatei que era um homem extremamente bem humorado, que passava o tempo a contar estórias, anedotas, a rir.. E eu disse-lhe: “Mas sôtor, se o senhor é um homem tão bem humorado, como é que os seus livros depois são tão sérios?”. E ele diz-me: “Ó Germano, a literatura é uma coisa séria. Não se pode brincar na literatura.” E eu: “Ó sôtor, mas eu penso justamente o contrário – a melhor forma de a gente brincar é lá.” Porque se eu vou escrever, não vou coagir-me a escrever de um modo que é contra a minha forma de ser porque é literatura. Nesse aspecto eu discordava dele, e tentei escrever de modo a reflectir isso.
E em relação à crítica… Houve quem lembrasse, durante o festival, que o seu exercício está praticamente arredado do vosso meio cultural…
Não está completamente arredado, acho é que ainda não desenvolvemos um espírito crítico. Podemos ter um espírito criticador, mas não aquele que nos permite ler uma obra, avaliá-la e criar um juízo fundamentado sobre os méritos ou deméritos dessa obra. Isto só se consegue quando ganhamos termos de comparação. Houve uma altura em que apareceu uma senhora que começou a fazer umas críticas literárias… É verdade que ela o fez com alguma violência… E os autores zangaram-se, protestaram. Ela deixou de fazer. De facto, neste momento não há entre nós quem escreva sobre os livros que vão saindo a identificar os aspectos mais conseguidos e menos conseguidos.
Em que ponto é que lhe parece que estão as relações entre os cabo-verdianos e os portugueses? Acha que Portugal tem sido pouco activo na definição de estratégias comuns e, nomeadamente, do ponto de vista cultural com as suas ex-colónias?
Nós não podemos esquecer uma coisa, Portugal está na União Europeia, e isto limita muito o horizonte da CPLP… O Brasil, está no Mercosul, Angola e Moçambique, estão nas organizações de lá… De maneira que há muitos interesses contrários, e penso que essas propostas nas quais se ouve falar agora, especificamente no que diz respeito à ausência de vistos, não acredito que isso seja possível. Seja como for, o nosso parceiro económico mais forte é Portugal. É evidente que para Cabo Verde Portugal é de uma importância crucial. Vocês consideram Portugal um país pobre, mas comparado com Cabo Verde é um país rico. Não tenhamos dúvidas sobre isto. Tomáramos nós ser pobres como Portugal. Mas também não podemos exigir muito mais de Portugal, que já ajuda bastante Cabo Verde. No período de governação do PSD- CDS, e devido a austeridade, as ajudas diminuíram. Parece-me que agora estão a ser retomadas. Agora, a relação do cabo-verdiano com Portugal é uma relação ambígua. Tenho uma amiga portuguesa que costuma dizer que a relação que temos com Portugal é terrível, que a única coisa de que o cabo-verdiano sabe falar é mal de Portugal, mas depois constata-se que há uma grande ligação, uma relação profunda, como entre pais e filhos.
E o Germano, neste momento, o que está a escrever?
Estou a tentar acabar um livro, um livro que pela primeira vez chamo um romance. Estou no último capítulo, e espero que este livro seja diferente dos outros que escrevi porque desta vez me propus de início a escrever um romance. É um livro que se entrega mais aos pormenores. Porque quando o que se quer é contar histórias, acabamos por saltar por cima de muitas coisas. No romance, aprofundamos o retrato, vamos às coisas mais pequenas. Mas não sei de facto se é um outro livro igual aos outros ou se consegui o que queria.
E reflecte uma vez mais sobre a realidade cabo-verdiana?
Sim, sim, sempre. É a história de um escritor que desistiu de escrever, e que quando mais tarde se decide a retomar a escrita, no dia em que vai publicar o livro, é morto. É morto por um amigo, e o que fica em aberto é saber as razões que levaram a isso. Mas é uma vez mais um livro em que se brinca com a literatura.