Outubro caracterizou-se, em termos meteorológicos, como extremamente seco e excecionalmente quente e, tal como já tinha acontecido em setembro, foi o Outubro mais quente dos últimos 87 anos. Estas condições prejudicaram algumas culturas instaladas, assim como a programação da ocupação cultural do ano agrícola que agora se inicia. Mas beneficiaram outras.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), enquanto as produções de castanha e arroz foram as mais afetadas por este clima seco, o mesmo não se pode dizer de outras culturas em que se assistiu a aumentos de produção face a igual período do ano passado. É o caso da produção de maçã (mais 25%), pera (mais 20%), milho e tomate (mais 5%), amêndoa (mais 255%) e vinho (mais 10%).
Isto significa que, apesar da seca, a produção de frutos está a ter um bom ano. Exemplo disso é o kiwi, que registou mesmo a maior produção de sempre. O aumento da produção, aliado ao excesso de calor, levou a que esta “seja a campanha mais produtiva das últimas três décadas, ultrapassando, pela primeira vez, as 30 mil toneladas”, revelou o INE.
Também as produções de maçã e pera não foram afetadas pela falta de precipitação, uma vez que, por exemplo, quatro quintos da área de produção de maçã é regada.
Mas vamos a números. A produção de maçã deverá registar um aumento para as 300 mil toneladas, ou seja, mais 25% face ao ano passado. Já a produção de pera (pera-rocha é a variedade predominante) deve aumentar 20% comparativamente com a última campanha, atingindo “valores próximos da média do quinquénio”, embora muito abaixo dos níveis registados em 2013 e 2014, salienta o INE.
O mesmo aconteceu com a colheita de tomate, com a produção a crescer 5% relativamente ao ano passado para os 1,68 milhões de toneladas.
Produção recorde O INE anteviu ainda um “bom ano vinícola”, também proporcionado pelo facto de as vindimas terem decorrido com tempo seco, “condição fundamental para a obtenção de vinhos de qualidade”. Já a produção registou um aumento de 10% face a igual período do ano passado.
Também a produção média de azeite se aproximou dos números verificados nos últimos cinco anos, apresentando uma subida ligeira na ordem de 1%. Já a produção de milho beneficiou dos “dias quentes e secos” para garantir um crescimento de 5%.
Por outro lado, assistiu-se à maior produção do século dos amendoais ao verificar-se um aumento de 255% face a 2016.
Castanha e arroz afetados
Sem dúvida que um dos principais produtos afetados pelo clima seco foi a castanha, em que 2017 vai ser um ano com menos produção e com qualidade inferior. “Os castanheiros instalados em solos com menor capacidade de retenção de água apresentam sinais de grande stresse hídrico, com situações extremas de morte de árvores. A castanha mais temporã, que já foi colhida, apresentou calibres reduzidos e miolo desidratado, com fraco poder de conservação e, por vezes, bichado”, dizem os mesmos dados, que apontam para uma quebra na ordem dos 15% face ao ano anterior.
Também o arroz foi fortemente prejudicado pela seca, uma vez que “a falta de água disponível na bacia hidrográfica do Sado” levou à diminuição da área semeada, contribuindo para uma quebra de 10% na produção face à média do período compreendido entre 2012 e 2016.