Reclamações. DECO recebeu mais de 400 mil no ano passado

O setor das telecomunicações continua a liderar o ranking das queixas e foi alvo de mais de 42 mil reclamações pelos clientes portugueses

Só no ano passado, 405 mil portugueses recorreram à DECO para procurar informação e apoio para a resolução dos seus conflitos. Destes, 80% conseguiram ver o seu conflito resolvido. E no que diz respeito às reclamações em que se verificava a cobrança ilegítima de valores, com a intervenção da associação, os consumidores conseguiram não pagar 1 milhão e 25 mil euros.

A liderar o ranking das queixas estão as telecomunicações, o que não representa qualquer novidade, uma vez que há mais de dez anos que o setor das telecomunicações é o principal alvo de queixas por parte dos consumidores. Só no ano passado foram feitas mais de 42 mil reclamações. 

“O aumento ilegal dos preços e a oferta de serviços não solicitados são um claro desrespeito dos interesses e direitos dos consumidores. A oferta de serviços não solicitados, e pagos pelo consumidor, além de ser uma prática comercial desleal, representa mais um exemplo da postura das operadoras”, revelou a DECO. 

No segundo lugar do ranking surge a compra e venda que, no ano passado, recebeu 26 194 queixas. A falta de entrega ou atraso dos produtos, a recusa de cancelamento da compra dentro do período de reflexão e a ausência de reembolso nas vendas pela internet continuam, segundo a associação, a ser muito reclamadas pelos consumidores. 

De acordo com a DECO, as queixas devem-se, essencialmente, às compras de telemóveis, computadores e acessórios eletrónicos, mas também vestuário e acessórios de moda, abrangendo “diversas entidades”.

Também as vendas porta à porta continuam a desagradar aos clientes portugueses.

Já o setor da energia e água foi alvo de 21 670 queixas. A falta de envio de faturação, dupla faturação, cobrança de consumos prescritos e os problemas decorrentes da mudança de comercializador e das vendas porta a porta configuram as práticas reiteradas das empresas. 

Também os serviços financeiros foram visados. A DECO recebeu quase 21 mil reclamações, já que o crédito e os seguros associados ao crédito continuam a motivar denúncias dos consumidores. “As comissões bancárias, cada vez em maior número e de valores mais elevados, levaram a DECO a reiterar a reivindicação de se eliminarem as comissões sem serviço”, salienta a associação. 

Queixas duplicaram nos transportes Em 2017, os portugueses reclamaram mais dos transportes públicos. As queixas duplicaram, com cerca de três mil portugueses a denunciarem na plataforma queixasdostransportes.pt, os atrasos, cancelamentos, supressão e alteração de percursos e horários dos transportes em todo o país. 

Já no transporte aéreo, o caso Ryanair merece especial referência. Em setembro, milhares de passageiros viram os seus voos cancelados. A DECO, representando os consumidores junto desta operadora, conseguiu que recebessem a devida indemnização, num total de 35 mil euros.