Há políticos que o convidam para almoçar ou lhe telefonam a pedir opinião?
Não!
Perdeu o contacto com esse meio?
Eu perdi contacto e eles perderam-me a mim.
Foi recíproco?
Nos últimos três anos fui convidado para almoçar ou para tomar um copo ou um café, ou ter uma pequena conversa, talvez por dois ou três dirigentes políticos de partidos diferentes, conversa que não tinha outro objetivo que não trocar impressões, ouvir uma opinião. O que vou dizer agora pode parecer vaidoso mas não quero que seja: há 20 ou 30 ou 40 anos eu criei para mim próprio uma obsessão de independência, o que não impede que tenha sido do Partido Socialista durante um tempo, que me tenha ligado a outras pessoas. Mas a independência de juízo, de avaliação e de opinião é para mim uma obsessão. E depois, como gosto de me exprimir nos jornais e na televisão, na rádio e nos livros, tentando sempre dar opinião, você cava, constrói a sua solidão. Não é deliberado. Você diz mal de A e depois de B e depois de C e depois de D. E às tantas pensa ‘Oh diabo’. Já deu a volta toda ao carrossel. A independência é uma grande virtude, mas é uma grande solidão. E pode ser triste.
Tem pena?
Não sei se é pena. Eu gosto muito do silêncio. Muito mesmo. O pior que acontece na sociedade moderna é o barulho a mais. Mas quando há silêncio a mais é excessivo, uma espécie de silêncio sideral. Às vezes gostava de poder falar mais com alguém… Nem tudo é feliz nestas coisas. Nunca, em nada, é tudo feliz.
Leia a entrevista completa na edição de papel do SOL deste sábado.