Foram muitos os temas a que António Costa respondeu ontem durante o debate quinzenal no parlamento onde houve momentos em que a “agressividade verbal” chegou a ser alta.
O debate começou com as comissões da Caixa Geral de Depósitos (CGD) com Assunção Cristas, líder do CDS, a questionar o primeiro-ministro se haja "aceitável" o aumento "que afeta os mais idosos". Costa apenas respondeu que o Estado é o único acionista da CGD. "Nunca me pronunciarei sobre atos isolados da administração porque passaria a ser administrador e não apenas acionista", afirmou. "Não nos intrometemos".
Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, criticou Costa por ter dado “a primeira machadada na estabilidade dos trabalhadores e da captação de investimento estrangeiro” ao aprovar o diploma sobre a transmissão de empresas e a mobilidade de trabalhadores. “Toda esta matéria foi aprovada sem discussão na concertação social”, afirmou, “bem sabemos que a classifica como uma feira de gado, mas mais valia a pena discutir esta matéria na concertação social”.
Costa não se deixou ficar e enumerou os aumentos que se verificaram nos salários. “A agressividade verbal é proporcional à falta de razão nos argumentos que se têm”, rematou.
A maior crítica à direita veio da bancada do PS quando o deputado António Sales afirmou que “quando o sábio aponta para a lua, o ignorante olha para o dedo”. “A oposição olhou para o dedo quando encerrou os serviços de urgência, subiu taxas moderadoras, retirou a comparticipação de medicamentos e vulnerabilizou franjas da população”.
Do Bloco de Esquerda e do PCP vieram desafios ao governo. Enquanto Catarina Martins, coordenadora do BE apelou ao primeiro-ministro para que intervenha na Saúde, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP incitou Costa a “atacar os graves problemas resultantes da legislação laboral”. Não aceitando diretamente os desafios, Costa garantiu: “Vamos avançar, com certeza, juntos”.
A poluição no Tejo foi abordada quer pelo BE quer pel'Os Verdes. Catarina Martins questionou António Costa sobre a redução de produção durante dez dias que foi decretada à Celtejo, a empresa responsável pelo mais recente caso da poluição no maior rio português. Costa afirmou que a medida terá continuidade caso a situação não fique resolvida e admitiu também mudar a quantidade de afluentes que estão a ser despejados. Heloísa Apolónia quer saber "quando vão ser alteradas as licenças de descarga no Tejo" ao que o primeiro-ministro confirma a alteração mas sem avançar data.