Os diplomatas portugueses pediram ao governo que reconsidere a nomeação do professor Sampaio da Nóvoa como representante permanente de Portugal junto da UNESCO, considerando que receberam essa decisão com “completa surpresa e estranheza”, referiu a Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses. No entanto, o Executivo já veio garantir que “o processo seguirá o seu curso”, depois de o governo ter decidido reabrir o posto, encerrado em 2012 pelo anterior executivo, na sequência da eleição do país para o conselho executivo deste organismo.
“Não se considera que o valor demonstrado pela diplomacia portuguesa, cujo mérito tem vindo a ser tão evidente em sucessos dos últimos anos, possa ser suspenso pela nomeação de um embaixador político para um posto diplomático quando não há um excecionalismo de circunstâncias que o pudesse vir a tentar sustentar”, afirmam os diplomatas, em comunicado.
No entender destes, “é uma questão de profissionalismo”, considerando que “para um posto diplomático, nomeia-se um diplomata”. E acrescentam: “Não se está a ver um diplomata ser nomeado diretor clínico do Hospital Santa Maria ou ser graduado almirante”.
Uns argumentos que não parecem convencer o ministro dos Negócios Estrangeiros que entende que a condução da política externa compete ao governo. “A execução da política externa decidida pelo governo compete-me a mim, como ministro dos Negócios Estrangeiros”, disse Santos Silva, que se escusou a comentar a posição dos diplomatas.
“Vivemos num país livre, o governo tomou esta decisão, as razões são claras. Uns estarão de acordo, outros não estarão de acordo, para isso é que se fez o 25 de abril”, afirmou.
No entanto, quando foi conhecida a decisão do executivo, o chefe da diplomacia portuguesa sublinhou que a escolha de Sampaio da Nóvoa se deveu, entre outras razões, ao facto de o ex-reitor ser uma “autoridade internacionalmente reconhecida” na educação.
Para Augusto Santos Silva, o convite do governo ao professor António Sampaio da Nóvoa assentou em “três razões essenciais”, nomeadamente a de ser “uma autoridade internacional” na educação, “uma das áreas fundamentais na missão da UNESCO”.
Além disso, o executivo entende que Sampaio da Nóvoa “combina a sua experiência como académico e perito nas áreas da educação e da ciência” com uma experiência “não menos relevante de gestão e direção em instituições culturais, científicas e académicas”, nomeadamente como reitor, durante vários mandatos, da Universidade de Lisboa.
Santos Silva também apontou a experiência do professor universitário na própria organização, para a qual tem trabalhado como perito.
Recorde-se que pela UNESCO passaram “embaixadores ditos políticos” como Maria de Lurdes Pintassilgo, José Augusto Seabra e Manuel Maria Carrilho.