Pedro Passos Coelho despediu-se da liderança do PSD com ovação e sorrisos.
Sem grande retrospetiva histórica, mas mais com uma descrição da identidade do partido.
Passos fez questão de afastar os rótulos ideológicos, relembrando o fundador, Francisco Sá Carneiro. «Falaremos pouco de ideologia e pouco de Abril», citou, sendo o excesso de ideologia uma das críticas que a sua liderança mais sofreu.
«Nem reacionário nem revolucionário», estabeleceu Passos Coelho.
O agora ex-líder do PSD pediu ainda ao partido que não se esquecesse do CDS como partido parceiro de governação.
«O que fizemos não fizemos sozinhos. Fizemos com o CDS e isso será importante para futuro», destacou ele, que liderou um Governo de coligação com os centristas entre 2011 e 2015 – a primeira coligação na história da III República a cumprir um mandato completo.
O apelo bem vincado a não esquecer o partido de Assunção Cristas contraria o impulso mais próximo do Partido Socialista de alguns apoiantes de Rio. Mas isso, claro, Passos não explicitou. Não precisava.
O ‘nosso Hugo Soares’
Passos Coelho falou, com relevância, em três nomes de dirigentes ‘laranjas’.
Agradeceu a Pedro Santana Lopes, que seria também aplaudido de pé pela sala, considerando a sua derrota «muito melhor» do que à primeira vista poderia parecer. «Foi uma candidatura que trouxe a promesas de união para o partido. De um futuro melhor para o partido», louvou, sendo que a maioria dos prévios apoiantes de Passos apoiariam depois Santana.
Passos guardou ainda uma palavra para Hugo Soares, que se demitiu de líder parlamentar a meio da semana, por não contar com a confiança do novo líder e para dar lugar ao preferido por Rio, Fernando Negrão.
Hugo, que foi eleito apenas há seis meses, portanto durante a liderança ‘passista’, mereceu referência e elogio como «o nosso Hugo Soares», apesar de ter sido afastado pelo sucessor de Passos Coelho.
No fim, terminou com votos de boa sorte a Rui Rio, incentivando-o para este «novo tempo».
«Não é fácil bater a ‘geringonça’, mas é preciso bater a ‘geringonça’», rematou Passos Coelho.
A ver se Rio consegue fazer melhor. Para já, no discurso de ontem à noite, o novo líderassumiu que «o imperativo do PSD é ser o primeiro em todas as eleições».