António Costa já disse que a relação entre o governo e o PSD será “melhor” com Rui Rio. O novo presidente do PSD promete outra abertura para o diálogo. É com este espírito que o primeiro-ministro recebe hoje, ao meio-dia, a nova liderança do PSD, em São Bento.
A primeira reunião entre Costa e Rio ficará marcada pela abertura ou não para entendimentos entre o governo e o maior partido da oposição. À saída de Belém, após a audiência com o Presidente da República, o presidente dos sociais-democratas garantiu: “Estamos completamente disponíveis para conversar com os outros partidos no sentido de que Portugal consiga fazer reformas que, de outra forma, não é possível fazer”.
A abertura para consensos foi um dos aspetos que distinguiu a candidatura de Rui Rio do seus adversário. Na campanha interna, o agora líder do PSD deixou claro que iria “procurar os melhores entendimentos”. A reforma da Segurança Social e do sistema político foram alguns dos assuntos abordados pela nova liderança no congresso do partido. Não tem, porém, ainda propostas concretas e só as apresentará mais tarde, porque “depressa e bem não há quem”.
Costa rejeita bloco central
O primeiro-ministro também está disponível para “consensos políticos mais alargados”. António Costa reafirmou, ontem, que quer procurar entendimentos na reforma da descentralização e nas grandes obras públicas. “Parece-me que é positivo para o país que haja, hoje, uma nova disponibilidade por parte do maior partido da oposição para negociar”.
Costa quis, no entanto, deixar a garantia de que a aliança à esquerda está para durar e “não deve mudar”. E rejeitou qualquer ideia de Bloco Central, porque “a pior coisa que poderíamos fazer era criar qualquer perturbação naquilo que está a correr bem”.
A relação entre o governo e Passos Coelho ficou azeda desde que o atual primeiro-ministro derrubou o governo de direita para fazer uma aliança à esquerda. Costa não deixou, porém, de desafiar Passos para consensos. Numa entrevista ao “Expresso”, em fevereiro de 2016, o primeiro-ministro defendeu que “há matérias que convidam a consensos políticos” e “seria uma pena se o PSD continuasse fechado naquele casulo perdido no passado”. No segundo aniversário do governo, Costa voltou a defender que “é saudável que existam compromissos na vida política (…). Não pode estar sempre tudo a mudar cada vez que muda o governo”.
Os partidos que apoiam o governo não ignoraram o congresso do PSD, nem a possibilidade de entendimentos entre os socialistas e a direita. Jerónimo de Sousa alertou para o risco do regresso do Bloco Central com o objetivo de “retomar o rumo de liquidação de direitos”. Catarina Martins acusou Rui Rio de querer “um pacto que retire à esquerda qualquer hipótese de alterar a política”.