Se um primeiro encontro não corre mal, pode ser um sinal de que pode acontecer “algo mais”. Mas não necessariamente. Na vida, nunca se sabe. Na política também.
A verdade é que o primeiro “date” entre Costa primeiro-ministro e Rui Rio líder do PSD correu bem. Ou não correu mal. Ou correu o suficiente para que possam pensar em coisas. Mas nunca se sabe. O ideal é ir vendo como as coisas correm. É o que pensa António Costa: “Há sempre o tempo de semear e depois o tempo de crescer, mas vamos ver como é que as coisas correm, mas foi uma conversa muito simpática, muito cortês, muito construtiva”.
Agora, a verdade é que o governo de António Costa vive em união de facto com o PCP e o Bloco de Esquerda e o primeiro-ministra apressa-se a refrear o entusiasmo em quem vê no primeiro encontro possibilidades alternativas: “Quanto à solução de governo, está encontrada. É uma solução que funciona bem, tem produzido bons resultados na economia, bons resultados no emprego, bons resultados nas finanças públicas, bons resultados para o país, que está hoje calmo, tranquilo, confiante. Não há nenhuma razão para mudar nada”, disse aos jornalistas que lhe perguntaram se gostou do encontro com Rio.
Agora, apesar da ligação privilegiada com bloquistas e comunistas, há espaço para mais gente: “Outra coisa completamente distinta é, a par de uma solução de governo que está consolidada e felizmente a funcionar bem”, o PSD falar com o PSD porque existem assuntos que “requerem o acordo político mais alargado possível”. Costa exemplificou com o próximo quadro comunitário de apoio que se estende até 2030: “É desejável que não se limite a haver um acordo entre os partidos da maioria, mas que possa ser alargado a outras forças políticas”.
Rui Rio gostou tanto do primeiro encontro com António Costa que decidiu mesmo anunciar “uma nova fase” nas relações entre os dois partidos. “Estivemos os dois a tratar mais do que possa consubstanciar políticas positivas e não estivemos a carregar naquilo que nos divide”, disse Rio no final da reunião no Palácio de São Bento.
De resto, comprometeu-se a que o começo da nova relação sejam os dossiês da descentralização e o novo quatro comunitário de apoio, o Portugal 20-30. Estes são os temas “urgentes” e Rui Rio, na sua primeira comissão política, que decorreu já depois do encontro com o primeiro-ministro, nomeou Álvaro Amaro, presidente da Câmaa da Guarda e também “chefe” dos autarcas sociais-democratas para ser o interlocutor do tema descentralização. Já o seu vice-presidente Manuel Castro Almeida “que foi secretário de Estado com essa tutela” vai ser o homem do diálogo com o governo nas negociações sobre o futuro quadro de fundos comunitários.
Rui Rio ainda afirmou que debateu com Costa outros assuntos “relevantes, mas não com tanta urgência”, como a justiça e a segurança social. Sobre a segurança social, disse: “Nunca estará em causa qualquer alteração à situação presente, é tomarmos as medidas, fazemos a reforma relativamente àquio que vai ser a segurança social daqui a 10, 20 ou 30 anos”.
E, pronto, entrámos numa nova fase na relação PSD-governo: “Sim, pode ser uma nova fase. Como disse ao longo da campanha, no congresso e até antes, como português, sempre achei que os partidos devem fazer um esforço por procurar aquilo que os possa unir em torno do interesse nacional”. No mínimo, o princípio de uma bela amizade.