Ao fim de sete dias de intensos bombardeamentos aos arredores rebeldes de Damasco e de por duas vezes ter adiado um voto no Conselho de Segurança das Nações Unidas, Moscovo deu enfim luz verde este sábado a um cessar-fogo de 30 dias na Síria que permitirá a entrada de ajuda humanitária nos bairros acossados de Ghuta Oriental.
A trégua não será imediata, apesar das exigências americanas. O embaixador russo nas Nações Unidas, Vassili Nebenzya, afirmou este sábado que um apaziguamento apenas será possível assim que se fizerem “compromissos”. Há razões para crer que esses compromissos podem demorar e ainda não se desvaneceu a suspeita de que Moscovo tenta comprar tempo.
De acordo com o “El País”, o governo russo – que é um dos dois pilares principais na guerra do regime de Bashar al-Assad, a par do Irão – apenas deu luz verde ao cessar-fogo assim que desapareceu a obrigação de que ele entrasse em vigor no prazo de 72 horas. Suspeita-se que nos próximos dias o regime continue com as operações violentas de bombardeamentos.
Assad parece preparar uma entrada em força no enclave rebelde mais próximo do seu Palácio Presidencial. Um cessar-fogo de 30 dias supostamente impede-o, apesar de nas últimas semanas ter acumulado meios militares nos lugares de acesso aos subúrbios. Em todo o caso, a campanha de bombardeamentos parece ter sido desenhada até ao momento para enfraquecer a resistência.
De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, as bombas de Assad e seus aliados russos mataram à volta de 500 civis desde o passado domingo. Os serviços de emergência Capacetes Brancos falam em 350 vítimas, mas admitem não terem ainda feito as contas a sexta e sábado. Moscovo afirma que não participa nas operações aéreas, mas há relatos de que a sua aviação faz parte dos ataques.
O governo russo afirma que adiou o voto por duas ocasiões para se assegurar de que os grupos terroristas Estado Islâmico e o satélite da Al-Qaeda conhecido como Frente al-Nusra não beneficiariam do fim das hostilidades. “A cada minuto que o Conselho esperou pela Rússia, o sofrimento humano aumento”, lançou a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley.
“Nos três dias em que tardámos a aprovar esta resolução, quantas mães perderam os seus filhos?”, questionou.