Os governos norte e sul-coreano encontraram-se esta segunda-feira pela primeira vez desde que o mais recente Kim chegou ao poder. Seul enviou uma delegação de alto nível a Pyongyang que se encontrou com Kim Jong-un, num frente-a-frente inédito, destinado a testar e solidificar os avanços diplomáticos dos Jogos Olímpicos de Inverno em PyeongChang. É a primeira vez em 11 anos que o Sul envia uma delegação governamental ao Norte e também a primeira vez que representantes sul-coreanos se encontram com o atual líder do país vizinho.
Kim Jong-un chegou ao poder há seis anos mas, desde então, não se encontrou com nenhum outro chefe de Estado, embora já o tenha feito com enviados de outros países, especialmente da China. O líder norte-coreano reuniu-se durante a tarde com a equipa de dez elementos de Seul e, de acordo com o governo sul-coreano, convidou-os também para jantar. “Comunicaremos o desejo do presidente Moon Jae-in de ter uma península coreana sem armas nucleares e em paz permanente”, afirmou à partida o responsável pela Defesa Nacional, Chung Eui-yong, o chefe da delegação do Sul.
A abertura diplomática dos Olímpicos de Inverno resiste para já às hesitações norte-americanas e japonesas, que duvidam das intenções do Norte. Há duas semanas, os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra o regime, dias depois de a irmã de Kim Jong-un se ter encontrado em PyeongChang com o presidente Moon Jae-in, convidando–o em nome do irmão a uma cimeira intercoreana a realizar-se “o mais brevemente possível”.
Nenhuma parte, nem mesmo Washington, recusa negociações. Os pontos de partida são, contudo, incompatíveis. O Sul quer negociar a desnuclearização, os norte-americanos dizem que só o fim das armas nucleares os levará ao diálogo e Pyongyang, por sua vez, recusa-se a discutir sequer o destino das ogivas já construídas. O Norte quer também o fim dos exercícios militares com americanos a sul da fronteira, que serão retomados no próximo mês, depois de uma pausa em nome dos Jogos.