A primeira reunião entre Rui Rio e os deputados do PSD foi conturbada. O novo presidente do partido ouviu duras críticas de uma bancada que já provou que não lhe vai facilitar a vida. À saída, Rio desdramatizou e garantiu que “a reunião correu de forma absolutamente normal”.
Luís Montenegro, que vai sair do Parlamento no início de abril e abriu a porta, no congresso, a uma candidatura à liderança, fez duras críticas à estratégia do novo PSD de aproximação aos socialistas. “António Costa vai andar a gozar connosco”, disse o ex-líder parlamentar, que criticou as declarações feitas por Rio sobre o grupo parlamentar e desafiou o líder a valorizar “o papel dos deputados”.
Carlos Abreu Amorim, vice-presidente do grupo parlamentar nos tempos de Passos Coelho, foi outra das vozes críticas. O social-democrata lembrou que Fernando Negrão pediu desculpa aos deputados por algumas afirmações que fez e defendeu que Rui Rio deveria ter feito o mesmo.
Teresa Morais, ex-vice-presidente de Passos Coelho, apontou o dedo à escolha de Elina Fraga para a direção do partido: “O senhor fez nomeações que são autênticas afrontas ao grupo parlamentar e ao antigo governo”, disse, de acordo com relatos feitos da reunião, a ex-governante.
Rio ouviu as críticas, mas garantiu, na reunião à porta fechada, que não vai mudar de estratégia. “Podem os 89 deputados desta sala dizer o contrário, que eu vou manter esta posição: os portugueses querem entendimentos entre os dois maiores partidos”.
Rio dispensa palmas Após o primeiro encontro com os deputados, o presidente do PSD garantiu que correu tudo pelo melhor. “Em 89 deputados cada um diz o que sente, não é por um dizer uma coisa que isso possa fazer regra. Naquilo que é o traço comum da reunião, eu não vejo como é que a reunião pudesse correr melhor”. Rui Rio resumiu as críticas feitas nesta reunião a “três ou quatro deputados que vão demorar mais uns 15 dias a estar alinhados”.
A relação entre Rui Rio e o grupo parlamentar tem sido marcada por momentos de tensão. Esta reunião não foi diferente. Rui Rio fez a primeira intervenção, que durou mais de meia hora, mas, ao contrário do que é habitual, não ouviu palmas dos seus deputados. “Há lideres que gostam muito que se levantem todos a bater-lhe palmas, não é propriamente o meu estilo”.