Cerca de 3,7 milhões de clientes tinham subscrito pacotes de serviços de telecomunicações no final do terceiro trimestre do ano passado. As contas são da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) e este número representa uma subida de 7,3% em relação a igual período de 2016. Feitas as contas, nove em cada dez famílias passaram a ter serviços em pacote, com as operadoras a ganharem 254 mil novos clientes no espaço de um ano.
Este crescimento deve-se sobretudo aos pacotes 5P (telefone móvel e fixo, banda larga móvel e fixa e televisão por subscrição), que ganharam 46 mil novos clientes; aos pacotes 3P – que incluem telefone fixo, banda larga fixa e televisão –, com mais 28 mil clientes; e ao pacote 2P, que integra o serviço de televisão por subscrição e banda larga móvel e que captou 26 mil novos subscritores no trimestre.
As modalidades de ofertas em pacote mais populares continuaram a ser as ofertas 5P (telefone móvel e fixo, banda larga fixa e móvel e televisão por subscrição) e 3P (telefone fixo, banda larga fixa e televisão), que representam 82,3% dos clientes totais, com cerca de 1,5 milhões de clientes cada.
O preço mais barato/preços mais baixos continua a ser o principal motivo de seleção do prestador de serviços em pacote. A fatura média mensal por subscritor foi de 51,76 euros, o que representa uma redução do valor a pagar face aos trimestres anteriores, atingindo os níveis registados no final de 2015.
Pacotes de serviços A verdade é que os pacotes de serviços têm muitas vantagens. Os consumidores lidam com um único operador, recebem uma só fatura e, principalmente, os preços são mais atrativos, já que as operadoras tendem a apresentar um valor mais reduzido. Mas para isso é importante que o serviço escolhido seja o mais adequado. Se, por exemplo, nunca usa o telefone fixo, pode não se justificar adquirir um pacote com esse serviço. No entanto, a maior parte das operadoras oferecem preços mais atrativos quando o telefone está incluído.
O certo é que as ofertas são diversificadas, o que torna cada vez mais difícil a escolha, mas se está no mercado à procura da melhor e mais barata operadora para as telecomunicações do agregado familiar, é preciso analisar quais os serviços de que realmente precisa.
No entanto, antes de subscrever uma oferta desta natureza, faça contas aos gastos que o agregado familiar tem com o telemóvel. Tenha ainda em atenção que o tráfego de internet móvel destas ofertas é, na sua maioria, reduzido (ronda os 200 MB) e, como tal, poderá não satisfazer as necessidades de utilização de cada pessoa caso utilizem a internet com bastante frequência, o que implica pedir tráfego extra e aumentar a conta a pagar.
Além disso, deve ter em conta se o preço da box está incluído na mensalidade. Caso contrário, deverá acrescentar esse valor na análise que fizer no caso de estar a pensar em subscrever esta modalidade, de forma a ter uma noção real do preço que irá pagar.
Reclamações Problemas com o período de fidelização, faturação e qualidade de serviço, mudança de operador e consequente dificuldade em cancelar e dupla faturação, práticas comerciais desleais nos contratos ao domicílio e à distância (vendas agressivas) e incumprimento das campanhas promocionais são as principais reclamações feitas pelos consumidores relativamente ao setor das telecomunicações.
Não se esqueça que mudar de operadora, desistir do contrato ou alterar o tarifário podem ser tarefas complicadas, sobretudo se ainda estiver no período de fidelização.
Só no ano passado, a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) recebeu mais de 405 mil pedidos de informações por parte dos consumidores Desses, 80% conseguiram ver o seu caso resolvido. Já em relação às reclamações em que se verificava a cobrança ilegítima de valores, a intervenção da associação ajudou a que os consumidores não tivessem de pagar um milhão e 25 mil euros.
Também a ANACOM recebeu mais de 77 mil reclamações – das quais mais de 17 mil foram feitas online –, o que representa um aumento de 4% face ao ano anterior. As questões contratuais, os equipamentos e a faturação representam as principais queixas.
Seleção do serviço: cuidados a ter
Analisar propostas
• Contacte as operadoras e analise os preços. Não se guie apenas pelos valores disponibilizados na internet. Escolha em função dos canais pretendidos e da utilização que faz dos serviços
• Caso já tenha um serviço contratado, pode negociar os valores com a concorrência. Em alguns casos consegue com esta negociação a oferta de um equipamento ou um desconto na mensalidade
Avaliar promoções
• Se lhe propuserem promoções, estude todas as condições para se certificar de que são realmente vantajosas
• Por vezes, o desconto na mensalidade é de apenas um ou dois meses. Feitas as contas, um valor que parece atrativo revela-se superior ao de outra operadora
Comparação de serviços
• Se tiver mais do que uma proposta, antes de decidir compare todos os serviços incluídos. É o caso, por exemplo, da internet móvel ou dos serviços de videoclube, entre outros
• Analise todos os serviços e veja se são realmente úteis e se compensam a eventual diferença de preço
• Quando é anunciado tráfego ilimitado, não se esqueça de questionar se a operadora aplica alguma política de utilização e pergunte como controlar o tráfego. Também há limites para as chamadas de voz e que variam consoante a operadora, por isso informe-se sobre os minutos aceites
Períodos de fidelização
• Pergunte se há um período de fidelização e qual a duração. Na maior parte dos tarifários é de 24 meses, mas existem alguns de 12 meses. Para desistir antes do final do prazo sem pagar mais precisa de razões válidas, como nunca ter obtido a velocidade máxima anunciada, algo, por vezes, difícil de provar. Mas nada garante que a operadora aceite os argumentos
• Cuidado com as refidelizações. Isso acontece quando subscreve outros produtos ou é reduzido o valor da mensalidade e essas vantagens pressupõem um novo período de fidelização