Bruno de Carvalho tem, a partir de ontem, mais um dossiê com que se preocupar. Este não diz respeito ao Sporting (diretamente): o presidente leonino foi constituído arguido, depois de ser ouvido no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, após uma queixa-crime de João Paiva dos Santos que neste momento ainda está em fase de inquérito.
Paiva dos Santos, empresário do setor farmacêutico, chegou a apresentar uma candidatura à presidência do Sporting em 2013 – acabaria, no entanto, por abdicar a favor de José Couceiro, que viria a ser derrotado por Bruno de Carvalho. Agora processou o presidente leonino por difamação, devassa da vida privada, violação de correspondência ou telecomunicações e instigação pública a crime. Nuno Saraiva, diretor de comunicação dos leões, e Rui Miguel Mendonça e Sérgio Sousa, ambos da direção da Sporting TV, são igualmente visados na queixa-crime e irão prestar declarações.
Em causa estão acusações de Bruno de Carvalho em abril de 2017. Então, o líder do Sporting acusou Paiva dos Santos de partilhar com Pedro Guerra – mediático comentador televisivo afeto ao Benfica – emails relacionados com a auditoria às contas do primeiro mandato de Bruno de Carvalho. Na altura, via Facebook, o presidente do Sporting prometeu ainda “pedir ao Conselho Fiscal e Disciplinar do clube a abertura de um processo com vista à expulsão de sócio” de Paiva dos Santos, assim como “do seu assessor, Paulo Pereira Cristóvão”.
De imediato, o empresário negou as acusações e revelou que ia agir “em conformidade, com os meios legais que são postos à disposição de qualquer cidadão”. E assim fez.
O facebook, sempre o facebook… Em declarações à Rádio Renascença, Paiva dos Santos revelou considerar que se está a assistir à “queda do mito do presidente moralista”. “Cai o mito do presidente arauto da moralidade, que acusa os outros de serem arguidos e, afinal, também o é e por crimes bastante graves. O Ministério Público constitui arguidos porque considera que há indícios mais do que suficientes para o fazer e eu, na ótica do denunciante, sei que os há. Fica demonstrado que não há nomes, ou cargos, acima da justiça”, disparou, garantindo ter sido “ameaçado, insultado e obrigado a alterar rotinas” desde as acusações públicas de Bruno de Carvalho, revelando ter sofrido prejuízos a nível pessoal e profissional.
Entretanto, e como não podia deixar de ser, o presidente do Sporting já reagiu… através de um post no Facebook. Confirmando que foi constituído arguido, garantiu igualmente “não estar surpreendido” com esse facto. “Já o fui constituído pelo menos uma dezena de vezes, tendo os denunciantes/assistentes perdido sempre”, escreveu, fazendo desde logo um exercício de futurologia: “O processo terminará com a conclusão do processo disciplinar, que já estava em curso, sobre a sua [Paiva dos Santos] expulsão ou não de sócio.”
Na mesma publicação, Bruno de Carvalho volta ainda a abordar a entrevista de Adrien ao “Guardian”, colocando duas fotografias com o médio que, na sua ótica, lhe conferem razão e descredibilizam as declarações do agora jogador do Leicester – na referida entrevista, recorde–se, Adrien revelou estar “desiludido” com a postura do presidente do Sporting durante o processo da sua transferência para Inglaterra.
O líder verde-e-branco manifestou ainda felicidade pela homenagem da FPF a Peyroteo, velha glória leonina… aproveitando também para lançar mais uma farpa a Pedro Madeira Rodrigues, candidato derrotado em 2017: “Dá-me pena. Aliás, mais um caso em que o Governo e a Santa Casa deviam intervir, pois temos o dever de ajudar todos os desempregados. Ele precisa da ajuda de todos, e não pode ser só a Cofina e o jornal ‘O Jogo’ a ajudarem…”
Em comunicado enviado às redações, Madeira Rodrigues não se ficou: “O recém–constituído arguido, não contente com este facto (em função do qual até Manuel Fernandes considera que ele devia pôr o lugar à disposição), volta a mentir, neste caso em relação à minha pessoa. Deve fazer-lhe muita confusão ver alguém que sempre por onde passou deixou obra feita e não, como ele, um rasto de empresas que fecharam, ter capacidade de arranjar trabalho ainda por cima em organizações conceituadas”, escreveu, acrescentando: “Bruno de Carvalho sabe bem o que o espera quando sair do Sporting, na melhor das hipóteses o regresso de onde veio, ou seja, ao salário mínimo em ‘fundações’. Em relação a este assunto vou seguir o sábio conselho de Mark Twain, ‘Nunca discutas com um idiota. Ele arrasta-te até ao nível dele e depois vence-te em experiência’, e sugiro que o Adrien faça o mesmo.”