Já vai sendo habitual a escalada verbal entre Assunção Cristas e António Costa. A líder do CDS acusou o primeiro-ministro de "desonestidade intelectual", acusou-o de mentir "aos portugueses em matéria de neutralidade fiscal" e confessou não ter "esperanças de obter uma resposta honesta do senhor primeiro-ministro". "Temos reparado que, nestes debates, quando a razão lhe vai faltando, o vocabulário lhe vai resvalando para o insulto", respondeu Costa.
Assunção Cristas trouxe para o debate quinzenal dois temas: o do aumento da carga fiscal e o da reforma laboral. Em ambos, foi dura nas críticas e acusou António Costa de faltar à verdade.
"A redução da carga fiscal foi apresentada como uma grande bandeira do Governo das esquerdas encostadas", começou por lembrar a líder centrista, que acusou António Costa de mentir ao declarar o fim da austeridade.
"Há uma austeridade escondida, encapotada nos impostos indiretos que o senhor aumentou", atacou Assunção Cristas, que acha que esta foi uma "forma encoberta e bastante desleal de aumentar os impostos".
"A carga fiscal diminuiu continuadamente desde 2015", insistiu António Costa, tentando contrariar a tese do CDS segundo a qual "o Governo dá com uma mão o que tira com as duas".
"Temos duas mãos. Uma dá e a outra tira. A vantagem é que damos muito mais do que retiramos", afirmou o primeiro-ministro depois de explicar que a reposição de direitos aos cidadãos em 2016 foi de 1328 milhões de euros enquanto o aumento do que foi pago se ficou pelos 655 milhões de euros. "Um saldo claramente positivo", reforçou, explicando que em 2018 esse saldo foi ainda mais favorável em 2017 e em 2018.
Além disso, Costa defende que "o aumento da receita fiscal explica-se sobretudo por um grande crescimento da economia e por um grande crescimento do emprego".
"Hoje, o rendimento disponível das famílias é superior ao que era quando a senhora era ministra. E se há coisa que ninguém deseja é voltar ao tempo em que a senhora é ministra", atacou Costa.
"O aumento da receita explica-se por algo positivo, que se chama emprego. (…) Eu sei que havia uma direita antiga, que certamente não é a sua, que achava que grande parte da sociedade são uns madrassos e não queriam trabalhar e contribuir para a Segurança Social", lançou o primeiro-ministro afirmando que "os portugueses hoje ganham mais e por isso contribuem mais para a Segurança Social, os portugueses trabalham mais e por isso contribuem mais para a Segurança Social".
Assunção Cristas quis ainda saber se o Governo "vai ou não manter a reforma laboral que está a dar frutos".
Costa voltou a lembrar que o que pretende fazer não é mais do que o que está no programa do Governo e que, aliás, está agora num pacote em discussão na concertação coletiva.
"Dinamizar a contratação coletiva, acabando com o banco de horas individual" e o "combate à precariedade" são, segundo António Costa, as prioridades da sua governação em matéria laboral.
Opções que Assunção Cristas lamentou por considerar que põe em causa "uma reforma que está a dar frutos".