O ministro das Finanças de Portugal considera vasto o leque de desafios no Eurogrupo, mas está encorajado pela receção positiva às suas propostas como presidente do fórum que reúne os ministros das Finanças dos países do euro.
“Os desafios são grandes na substância e na forma como tem de se coordenar visões muito diversas, mas o objetivo é contar com todos e com todas as opiniões”, disse Mário Centeno.
Na liderança do Eurogrupo há 100 dias – foi eleito em dezembro de 2017 para um mandato de dois anos e meio -, acrescenta que “a concretização da união bancária nas suas diferentes vertentes, e o início da discussão sobre a capacidade orçamental serão, nas dimensões política e intelectual, um desafio muito interessante”.
O ministro das Finanças de Portugal faz um “balanço muito positivo” destes 100 dias e revela que tem “conseguido apresentar um conjunto de propostas e de dinâmica no funcionamento do Eurogrupo, que se irá perceber que é distinto”
Como exemplo dá o convite a académicos para fazerem apresentações aos ministros. O primeiro destes académicos convidados por Mário Centeno é o economista italiano Tito Boeri, que na sexta-feira fará uma apresentação sobre a dinâmica salarial na reunião que se realiza em Sófia, capital da Bulgária, dos ministros das Finanças dos países que partilham a moeda única.
Ontem, um porta-voz do presidente do Eurogrupo revelou que a apresentação do economista italiano terá como foco o o papel dos salários como mecanismo de ajustamento macroeconómico no quadro de uma união monetária – como por exemplo a zona euro -, mas também como instrumento que assegura um crescimento inclusivo na fase de recuperação.
Na cimeira europeia de junho deverá ser apresentado o plano e o calendário da união bancária. Um “momento importante”, refere o ministro em entrevista à agência Lusa a propósito dos 100 dias na liderança do Eurogrupo, lembrando ao mesmo tempo que o verão também deverá ficar marcado pelo “processo de saída da Grécia [do programa de assistência financeira], cujo faseamento tem sido um sucesso”.
Política interna
Segundo Mário Centeno, a dicotomia entre estar num governo apoiado pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, e, ao mesmo tempo, ser o rosto das regras orçamentais de Bruxelas, “existe mais na maneira como as pessoas a colocam do que na realidade”.
O que importa, assegura o ministro das Finanças, é o “programa de governo que assenta num exercício macroeconómico e orçamental que foi apresentado antes das eleições e que temos estado a cumprir à risca”.
“Não nos tornámos mais nem menos do que aquilo que estava nesse programa”, diz, acrescentando que o objetivo é manter “uma certa linha que conjuga o crescimento com o equilíbrio das contas públicas, e é exatamente isso que temos proposto no Programa de Estabilidade”.