Menos de dez meses depois, a Autoeuropa depara-se novamente com a ameaça de greve. Os trabalhadores da fábrica de Palmela vão estar hoje reunidos em plenário para analisar formas de luta contra o sistema de pagamentos para a laboração contínua – que arranca a partir de agosto – e para apresentar propostas alternativas, apurou o i. Em cima da mesa poderá estar o agendamento de uma nova greve para 9 de junho, no mesmo dia em que a CGTP tem marcada “uma grande manifestação nacional”.
O SITE Sul, sindicato que convocou a paralisação histórica a 30 de agosto e travou a produção de 400 carros, já veio afirmar que “a administração tem a derradeira oportunidade de se aproximar de uma solução que permita a resolução do descontentamento dos trabalhadores”.
No entanto, deixa uma garantia: “Caso a Administração não vá ao encontro das expetativas dos trabalhadores, não devem ser descartadas formas de luta, cujo momento e formato devem ser devidamente apreciados pelos trabalhadores em conjunto com o seu sindicato de classe.”
Em causa está a proposta da administração da fábrica de Palmela que prevê a atribuição de uma folga extrassemanal ao domingo por cada quatro semanas – uma situação que não está a agradar aos trabalhadores.
Além disso, no novo modelo laboral, os operários vão ganhar ao domingo o mesmo que nos dias úteis e vão receber 100% de um dia normal de trabalho por mês por cada dois turnos trabalhados ao fim de semana; serão ainda pagos 25% trimestralmente consoante o cumprimento do volume de produção.
De acordo com o novo coordenador da comissão de trabalhadores (CT), Fausto Dionísio, a estrutura apresentou uma contraproposta para que a empresa pagasse apenas um dos dois domingos que cada trabalhador deverá fazer durante o período de um mês com um acréscimo de 100%, até final deste ano, e que todos os domingos fossem pagos com o mesmo acréscimo de 100% a partir de janeiro de 2019. No entanto, foi recusada.
Recorde-se que, depois das férias, a fábrica de Palmela vai funcionar com 19 turnos: três turnos diários de segunda a sexta e dois turnos diários ao sábado e domingo. A ideia é os trabalhadores terem uma semana de trabalho de cinco dias, com duas folgas consecutivas. No entanto, estes dias de descanso serão gozados ao sábado e domingo de duas em duas semanas.
Produção acelera Os novos horários foram uma consequência direta do aumento das encomendas do novo SUV. A meta já foi anunciada: atingir até final do ano um volume de produção na ordem dos 240 mil veículos – a maioria dos quais o modelo T-Roc.
O i sabe que, neste momento, já estão a ser produzidos diariamente 870 veículos, dos quais 650 correspondem ao novo SUV, o que dá uma produção de 26 a 27 T-Rocs por hora. Mas a ideia é aumentar para 28 a 29 por hora, com vista a dar resposta à crescente procura.