Depois de uma cimeira histórica, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu uma muito aguardada conferência de imprensa onde resumiu todo o processo e quais os próximos passos a dar na desnuclearização da península coreana e estabelecimento de relações diplomática com Pyongyang. Trump diz estar disponível "para começar uma nova história com a Coreia do Norte".
Trump começou por reafirmar o potencial da Coreia do Norte para se transformar num grande país se avançar com a desnuclearização, afirmando que Kim demonstrou um "inabalável compromisso" em cumprir com o acordado entre os dois chefes de Estado. Um acordo, disse Trump, apenas possível depois de "intensas horas" com o líder norte-coreano numa reunião "honesta, direta e produtiva", que demonstrou que Kim é uma "pessoa especial" e "talentosa" e em quem Trump poderá confiar. "Desde o início que se demos bem", disse Trump. Confrontado com o recorde de violação de direitos humanos no país liderado por Kim Jong-un, o chefe de Estado limitou-se a responder que conversou com o líder norte-coreano sobre o assunto e que Kim quer "fazer o que está certo".
Defendendo o acordo alcançado, Trump reafirmou a vontade de Pyongyang em avançar com a destruição dos "locais de testes de mísseis". "O presidente Kim tem perante si uma oportunidade como nenhuma outra para ser lembrado como o líder que inaugurou uma gloriosa nova era de prosperidade para o seu povo", disse.
Questionado pelos jornalistas sobre a omissão de um mecanismo de verificação da desnuclearização, o presidente norte-americano desvalorizou e garantiu que "será verificado" por observadores internacionais, mas sem dar mais informações."Estou aqui por um dia. O processo vai agora acontecer", afirmou. Sobre o papel de outros Estados no processo de desnuclearização, Trump optou por desvalorizar o papel que a China, o principal e único aliado da Coreia do Norte, poderá desempenhar: "Estamos a trabalhar com a Coreia do Sul, Japão. Estamos a trabalhar com a China…num grau mais reduzido, mas estamos a trabalhar com a China". Depois, o presidente avançou que poderá ligar ao presidente chinês, Xi Jinping, assim que aterrar em território norte-americano.
Sobre as sanções, que têm caraterizado as relações entre Washington e Pyongyang nas últimas décadas, Trump recusou levantá-las por agora. "As sanções vão desaparecer quando tivermos certeza de quando temos certeza de que as armas nucleares não são mais um fator", garantiu, acrescentando que poderá demorar por a desnuclearização "levar cientificamente muito tempo" a ser feita. No entanto, Trump entrou em contradição consigo próprio poucos minutos depois ao dizer que acredita que Pyongyang se poderá desnuclearizar "muito rapidamente" e não deixou de referir que na semana passada tinha cerca de 300 sanções "muito grandes e fortes" contra a Coreia do Norte, mas que foram temporariamente travadas para não "desrespeitar" Pyongyang antes da cimeira acontecer.
Quanto ao restabelecimento das relações diplomáticas, Trump respondeu aos jornalistas que não descarta viajar no futuro até Pyongyang, mas apenas na altura certa, acrescentando ainda que, também na altura certa, irá convidar Kim Jong-un a visitar a Casa Branca. Por agora, e para amenizar as relações diplomáticas, Trump não irá avançar com mais exercícios militares com a Coreia do Sul por as considerar "provocadoras e inapropriadas", além de caras para o erário público norte-americano. "Sei imenso sobre avisões, e são muito caros", garantiu o chefe de Estado.
Antes de abandonar o palanque, Trump voltou a garantir que o acordo assinado é para cumprir. "Quero-o completado, porque se não passamos a bola para lá da linha, não é o suficiente".
Ataques aos aliados
O chefe de Estado norte-americano não perdeu mais uma oportunidade de criticar os seus aliados por se estarem a aproveitar dos Estados Unidos, seja económica seja na segurança europeia com a NATO. "Vou ser honesto. Estamos a ser prejudicados virtualmente por todos esses países", explicou. Questionado sobre a cimeira do G7, realizada no Canadá, Trump, ao contrário de todos os seus homólogos presentes na cimeira deste sábado, considerou-a "muito amigável", ainda que na fotografia que tem corrido as redes sociais e o mundo não o pareça. "Por acaso estávamos apenas a falar, o grupo inteiro, sobre algo não relacionado", explicou.
Na fotografia, vê-se a chanceler alemã Angela Merkel em pé, rodeada pelos restantes líderes e assessores, com um ar agressivo contra Trump, que está sentado e de braços cruzados com uma cara pouco amigável.