Nas véspera da "mãe das cimeiras" europeias, a chanceler alemã Angela Merkel não esteve para meias palavras nos alertas sobre o futuro da União Europeia depender de se encontrarem soluções para as "questões vitais" levantadas pela imigração. A chanceler alemã discursou perante o parlamento alemão, Bundestag, antes de viajar para Bruxelas, onde irá participar na reunião do Conselho Europeu.
Merkel nunca se encontrou numa posição tão vulnerável nas vésperas de uma cimeira europeia, principalmente quando os governos dos Estados-membros da União Europeia não conseguem chegar a um compromisso sobre qual a estratégia europeia a seguir para lidar com a imigração, ainda que esta tenha diminuído desde 2015. Não é apenas o futuro da União Europeia que está em risco na cimeira, mas também a própria coligação da chanceler, com o seu ministro do Interior e líder da CSU da Baviera, Horst Seehofer, a pressionar para se endurecer a política de asilo alemã.
No seu discurso de 26 minutos, Merkel alertou para, caso a cimeira europeia não chegue a conclusões, o risco de se criar uma situação em que "ninguém acreditará no sistema de valores que nos tornou tão fortes". "Não estamos ainda onde gostaríamos de estar", garantiu Merkel, referindo-se às divergências entre os governos europeus sobre o sistema de quotas de refugiados.
Mesmo sob pressão de Seehofer, Merkel voltou mais uma vez a reafirmar continuar a apoiar a sua política de portas abertas para os refugiados, implementada desde 2015. "Continuo a acreditar que foi correta", afirmou, apelando ao retorno das políticas anteriores a 2015. Os pedidos de asilo caíram na ordem dos 95% desde outubro de 2015, quando se assistiu ao maior fluxo de entradas na Europa.
Curiosamente, o seu ministro do Interior não esteve presente no parlamento durante o discurso de Merkel.
A bancada do partido populista e de extrema-direita Alternativa para a Alemanha não parou de interpelar Merkel durante o seu discurso, obrigando-a a parar e a dizer: "Meu deus, agora a sério".