Costa contraria Santos Silva. “O que corre bem não deve ser perturbado”

Primeiro-ministro viu-se obrigado a intervir. Alegre acusa ministro de passar “uma certidão de óbito à geringonça”

António Costa defende que “este é o grau de comprometimento possível” entre o PS e os partidos à sua esquerda. O primeiro-ministro disse, em declaração ao Público, esta tarde, que “o que corre bem não deve ser perturbado nem interrompido”.

A afirmação de Costa foi feita depois de Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, ter afirmado, numa entrevista ao Público, que a renovação da geringonça “exigirá certamente um nível de comprometimento nessa solução que será superior àquele que se verifica neste mandato”.

O número dois do governo defendeu mesmo “um acordo que signifique um avanço no que diz respeito a políticas estruturais que o país precisa no domínio do território, ambiente, transição energética, política económica e também na política externa e europeia”.

As condições estabelecidas por Santos Silva provocaram agitação no PS. Francisco Assis considerou, esta manhã, na Rádio Renascença, que estas condições inviabilizam a renovação da atual solução governativa.

Manuel Alegre, um defensor desde a primeira hora desta aliança à esquerda, afirmou ao Expresso que Augusto Santos Silva “está a inviabilizar a continuação da geringonça e a passar-lhe uma certidão de óbito", porque “o segredo desta solução governativa e a habilidade de António Costa foi terem ficado de fora, precisamente, estes temas inconciliáveis".

Costa viu-se obrigado a contrariar o seu ministro e deixou a garantia de que não é “necessário” ultrapassar “divergências que são identitárias” para que a geringonça se repita a seguir às eleições de 2019. “Nem um otimista irritante como eu acredita que seja possível superar divergências que são identitárias. Mas também não considero que seja necessário. Como provámos nesta legislatura, podemos entender-nos sobre o que queremos fazer em conjunto, respeitando a identidade de cada um”, afirmou.