As contas das campanhas para as eleições autárquicas de 2017 prometem continuar a dar dores de cabeça ao líder do PSD, Rui Rio, que tem defendido a necessidade de maior rigor financeiro. A direção do partido anunciou que vai agir judicialmente contra os candidatos que tenham ultrapassado os respetivos orçamentos e até já há um caso em tribunal, o do candidato à Covilhã, sendo que mais estarão em análise. Enquanto isso, no PSD, aumentam as «dúvidas» sobre as contas de elementos próximos de Rui Rio.
É o caso do vice-presidente do partido e presidente da Câmara de Ovar, Salvador Malheiro, que ultrapassou o orçamento em 2017 e que, na campanha de 2013, deixou as contas derraparem em 20 mil euros. E é também o caso de Álvaro Almeida, que perdeu a Câmara do Porto e que é o atual responsável pela área das Finanças Públicas no Conselho Estratégico Nacional (o ‘governo-sombra’ de Rio ). Apesar das exigências de maior rigor orçamental agora em vigor no PSD, no ano passado o candidato lançou-se na corrida à Câmara já a prever que teria um prejuízo de 55 mil euros. Segundo o orçamento que o PSD enviou ao Tribunal Constitucional, Álvaro Almeida estimava gastar 350 mil euros na campanha, enquanto as receitas não iam além dos 295.170 euros. «Tratando-se do homem das Finanças de Rui Rio, que exige rigor aos outros candidatos, é no mínimo questionável», diz ao SOL um deputado social-democrata. A direção do PSD tem-se recusado a mostrar os orçamentos dos candidatos às autárquicas de 2017 – o secretário-geral do partido, Hugo Carneiro, defendeu ontem, ao SOL, que se trata de uma «questão interna» -, mas várias fontes contactadas pelo partido garantem que Álvaro Almeida terá ultrapassado ainda mais o orçamento. Isto porque o candidato não foi além dos 10,3% nas eleições (menos 10,6% dos votos que o PSD conseguiu em 2013) e este resultado traduziu-se em menos dinheiro de subvenção estatal. Ainda assim, contactado pelo SOL, Álvaro Almeida negou ido além do orçamentado: «Não ultrapassei o orçamento».
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