PGR. Passos Coelho diz que faltou “decência” para justificar saída de Joana Marques Vidal

Para o antigo líder do PSD, a vontade do governo de substituir Joana Marques Vidal “resulta de motivos que ficaram escondidos”

O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho diz que faltou "decência" para "assumir com transparência os motivos que conduziram" à substituição de Joana Marques Vidal como procuradora-geral da República (PGR), cargo que será ocupado por Lucília Gago.

"Em vez disso, preferiu-se a falácia da defesa de um mandato único e longo para justificar a decisão", escreveu num artigo de opinião publicado pelo Observador.

O antigo líder do PSD salientou que "a Constituição determina poder ser renovável" e que a vontade do governo de substituir Joana Marques Vidal "resulta de outros motivos que ficaram escondidos". 

No seu artigo, Passos Coelho, que propôs em 2012 a nomeação de Marques Vidal para o cargo de PGR, prestou ainda um reconhecimento público pela "ação extraordinária" que a ainda procuradora-geral desenvolveu no topo da hierarquia do Ministério Público. 

"Como português quero sobretudo expressar a minha gratidão por ter elevado a ação da Procuradoria a um novo e relevante patamar de prestígio público. Muito obrigado, senhora dra. Joana Marques Vidal", refere.

O social-democrata defende que a atual PGR desempenhou o seu mandato com "total independência", frisando que ninguém pode "lançar a suspeição de que tenha feito por agradar a quem pode para poder ser reconduzida".

"Num tempo em que, infelizmente, tantas vezes se suspeita, não sem fundadas razões, da efetiva realização da autonomia e independência de muitas instâncias dos poderes públicos, incluindo a área da justiça, a senhora procuradora inspirou confiança e representou uma grande lufada de ar fresco pelo modo como conseguiu conduzir a ação penal pelo corpo do Ministério Público", sublinha o antigo chefe do governo.