A suspensão ordenada pelo coletivo de juízes aconteceu depois do Ministério Público (MP) ter pedido que a decisão acerca das indemnizações civis contra o Estado passe para os tribunais administrativos.
Desta forma, os juízes responsáveis optaram por dar 48 horas aos advogados do processo para que estes se pronunciem sobre o pedido feito pelo MP, tendo suspendido a sessão.
As famílias de Dylan Silva e Hugo Abreu reclamam dos arguidos o pagamento de uma indemnização no valor de 700 mil euros – 400 mil euros para a família de Dylan da Silva e 300 mil euros para a de Hugo Abreu.
Os dois jovens morreram no decurso da chamada “Prova Zero”, enquanto outros elementos do curso apresentaram lesões graves. A prova decorreu em Alcochete, Setúbal, a 4 de setembro de 2016.
Na edição desta quinta-feira, o i já tinha noticiado que poderiam existir algumas resistências neste julgamento. Fontes militares ouvidas pelo i – que caracterizaram a detenção dos elementos da Polícia Judiciária Militar (PJM), bem como a própria investigação à PJM, como uma “bomba” – mostraram-se preocupados, uma vez que o caso da morte dos instruendos do curso de Comandos 127 foi também investigado por este órgão criminal, o que poderá agora significar um conflito de interesses no julgamento que se iniciaria hoje.
Segundo a acusação do Ministério Público, os 19 militares que foram constituídos arguidos atuaram com “manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocaram” nos ofendidos. "Desde o início da denominada 'Prova Zero', os formandos foram confrontados com comportamentos profundamente violentos dos formadores e só o medo da prática de comportamentos ainda mais violentos que caracterizaram a atuação de todos os formadores, do diretor da prova, do comandante de Companhia e até da equipa sanitária — médico e enfermeiro -, justificou que os formandos tenham permanecido durante a noite do dia 04 de setembro de 2016 no Campo de Tiro de Alcochete", pode ainda ler-se.