A guerra no Iémen não dá sinais de terminar e se nos próximos três meses a paz não for alcançada, entre 12 a 13 milhões de iemenitas estarão em risco de morrer à fome, segundo as Nações Unidas. Poderá mesmo ser a pior situação de fome dos últimos cem anos.
“Muitos de nós estávamos confiantes de que não voltaria a acontecer, mas a realidade é que o Iémen caminha precisamente nessa direção”, disse Lise Grande, coordenadora residente da ONU no Iémen. “Não há dúvida de que deveríamos sentir vergonha e, sempre que acordássemos, deveríamos renovar o nosso compromisso em fazer o máximo possível para ajudar as pessoas que sofrem com este conflito”.
Há três anos que o Iémen é palco de uma guerra civil, depois de os rebeldes houthis terem deposto o presidente Abd Rabbu Mansour Hadi. Fugido de Sana, Mansour Hadi pediu auxílio à Arábia Saudita, que prontamente interveio com forças militares para o voltar a colocar no poder.
Nos últimos meses, o principal palco do conflito tem sido a zona portuária de Hodeida, vital para decidir o destino da guerra. Pelo porto passa grande parte da ajuda humanitária das Nações Unidas e de outras organizações.A zona tem sido fortemente bombardeada pela força aérea saudita. Desde junho que mais de 170 pessoas morreram nos bombardeamentos, com outros 1700 a ficarem feridas. Até este momento, mais de 425 mil pessoas já se viram obrigadas a fugir da zona portuária.
A ONG britânica Save The Children já tinha alertado em setembro para a realidade vivida pelas crianças no país. Mais de cinco milhões de crianças encontravam-se na altura em risco de fome. “Milhões de crianças não sabem quando ou se a próxima refeição vai chegar. Num hospital que visitei no norte do Iémen, os bebés estavam muito fracos para chorar, os seus corpos exaustos pela fome. Este poderia ser qualquer hospital no Iémen”, disse Thorning Schmidt, presidente da organização. Além do próprio conflito, a entrada de alimentos no porto de Hodeida é uma das razões para o aumento da fome no país.