O secretário-geral da UGT acusou o governo, na tarde deste domingo, de discriminar trabalhadores com as novas regras de antecipação das reformas e admitiu uma reação dura dos sindicatos caso o executivo de António Costa não reveja as medidas previstas no Orçamento do Estado para 2019.
Carlos Silva falou no encerramento do 12º congresso da Federação Nacional da Educação (FNE)e aproveitou para apelar à adesão à greve da administração pública, marcada para a próxima sexta-feira, 26 de outubro. “Temos de estar todos na rua, temos de dar um sinal ao país e dizer que não desistimos”, afirmou o líder sindical, que dedicou boa parte do discurso à “confusão” das aposentações e das reformas. “Nós mantemos a nossa tese: quem tem 60 anos de idade e 40 descontos tem direito a ir para a reforma sem qualquer penalização. Ponto final. Se o governo se atrever a tratar de forma desigual um trabalhador que faça 61 anos e cumpra 40 de descontos e tiver de gramar até aos 66 anos [de idade], nós vamos para a rua e vamos dizer que não é aceitável”, avisou o secretário-geral da UGT.
Carlos Silva alertou ainda que a UGT está “muito mais disponível” para a luta nas ruas do que estava há cinco anos e que “há muito tempo que todas as organizações sindicais não estavam unidas e imbuídas do mesmo espírito de unidade”. Em causa, para os sindicatos, está a polémica em torno da intenção do governo de limitar as reformas antecipadas aos trabalhadores que atingem os 60 anos de idade e que tenham pelo menos 40 de descontos.
Os professores não podem "cair"
As reivindicações do professores – que reclamam, no que diz respeito aos descongelamentos, a contagem integral do tempo de carreira – também não ficaram de fora do discurso do líder sindical. Carlos Silva desafiou o primeiro-ministro a cumprir as expectativas que foram criadas aos docentes. “António Costa olha para os trabalhadores, olha para as expectativas e cumpre-as. É isso que se faz em política”, afirmou o sindicalista, que garante que existe, em Portugal, “um clamor intenso” pela concretização de uma série de medidas cuja expectativa foi criada pelo governo – que, no caso da Educação, prometeu não deixar “cair os professores”.
“Onde é que estão aqueles que defenderam que não deixavam cair os professores? Onde é que estão? Esses, porventura, por calendário político-partidário, talvez tenham deixado cair os professores, mas nós não os deixamos cair”, lamentou Carlos Silva, acrescentando que o governo deve continuar a fazer investimentos públicos, mas sem tirar dinheiro aos professores.
“Eu não sou daqueles que, para não pagarem, iria construir uma estrada. Quando fizerem a estrada de Viseu a Coimbra façam-na, mas façam-na com o dinheiro do Orçamento do Estado e com os impostos que continuam a pesar na carga fiscal de todos os portugueses. Não vão retirá-lo aos professores, às suas carreiras e ao seu futuro”, apontou ainda Carlos Silva, secretário-geral da UGT.