Um julgamento por violação na Irlanda está a gerar uma onda de protestos, depois de a advogada de defesa do alegado violador ter apresentado as cuecas da vítima em tribunal, como prova de inocência do seu cliente.
A deputada Ruth Coppinger decidiu exibir, na terça-feira, umas cuecas de renda durante uma sessão no Parlamento em protesto com o caso que contribui para "habitual de culpabilização da vítima".
"Pode parecer confrangedor mostrar um par de cuecas aqui… mas como é que acham que uma vítima de violação ou uma mulher se sente perante o cenário incongruente de a sua roupa interior ser exibida em tribunal?", questionou a deputada no Parlamento.
Mais tarde, Ruth Coppinger escreveu no Twitter que se tinha apercebido que vários órgãos de imprensa tinham afastado o plano de si no momento em que mostrou as cuecas. "Nos tribunais, as vítimas podem ver a sua roupa íntima usada como prova e está tudo dentro das regras", referiu.
I hear cameras cut away from me when I displayed this underwear in #Dáil. In courts victims can have their underwear passed around as evidence and it's within the rules, hence need to display in Dáil. Join protests tomorrow. In Dublin it's at Spire, 1pm.#dubw #ThisIsNotConsent pic.twitter.com/DvtaJL61qR
— Ruth Coppinger TD (@RuthCoppingerTD) 13 de novembro de 2018
Sublinhe-se que a advogada do alegado violador argumentou em tribunal que era necessário ter em conta a roupa interior da vítima, uma jovem de 17 anos. A causídica afirmou que a adolescente estava a usar “uma tanga com a parte da frente em renda” no momento do contacto sexual e que isso provava que o sexo entre ambos foi consensual.
Não se sabe se terá sido esse o argumento a convencer o júri, composto por oito homens e quatro mulheres, mas este só demorou cerca de uma hora e meia para decidir absolver o arguido.