Pedro Castro e Almeida vai ser o novo homem forte do Santander Totta. O banqueiro de 51 anos não é um estreante no banco – desde 2009 que integra a comissão executiva da instituição financeira, mas a sua ligação ainda é mais antiga e vem desde 1993, tendo sido responsável pelas mais variadas áreas do banco. O nome foi aprovado pelos acionistas na última assembleia-geral e vem substituir António Vieira Monteiro que, com estas mudanças, assume o cargo de charmain. A mudança de cadeiras dos dois administradores surge no quadro da renovação dos órgãos sociais para o triénio 2019-2021. O atual mandato da administração acaba no próximo dia 31 de dezembro. Com esta nomeação, o Santander Totta mantém o princípio que tem sido sempre seguido: manter um CEO português à frente do banco. Ainda assim, estas alterações estão dependentes da luz verde por parte do Banco Central Europeu (BCE) que terá de dar o seu aval no âmbito do processo «fit & proper», ou seja, adequação e avaliação.
Licenciado em gestão de empresas pelo ISEG, Castro e Almeida frequentou várias escolas de negócios na Europa e nos Estados Unidos, como o INSEAD, Harvard Business School e Kellogg. Atualmente é o membro da comissão executiva do Santander responsável pela rede de empresas e negócio internacional, cabendo-lhe também a gestão de ativos e seguros. Foi um dos responsáveis pelo polémico dossier dos swap -que em inglês significa troca, porque estes instrumentos permitem substituir uma taxa variável por uma fixa (e vice-versa) -, celebrados entre o banco Santander e o Metropolitano de Lisboa, Carris, Metro do Porto e STCP. Mas no início de 2013, as empresas públicas decidiram, por orientação do Ministério das Finanças, considerar os contratos inválidos e suspender os pagamentos. Um caso que se arrastou nas barras dos tribunais.
Casado, com cinco filhos e dois enteados, Castro e Almeida teve desde cedo contacto com a banca. O pai foi quadro do Totta, enquanto o irmão Luís Castro e Almeida lidera o negócio do espanhol BBVA em Portugal. É também vice-presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), uma organização que partilha os valores cristãos e procuram aplicá-los no desenvolvimento da sua vida profissional.
É já sob a alçada de Pedro Castro e Almeida que a marca Santander irá deixar cair a designação Totta. Esta mudança está inserida na estratégia de renovação da marca, uma renovação que tem estado a ser feita de forma gradual. Para trás ficará a associação do maior banco espanhol ao nome Totta, iniciada em 2000, com a entrada dos espanhóis no capital do Banco Totta&Açores e também no Crédito Predial Português (que tinha sido comprado em 1992 pelo Totta). O banco tinha estado antes nas mãos do espanhol Banesto (banco este comprado também entretanto pelo Santander), fruto da privatização de 1989 e de compras sucessivas feitas no início da década de 90, pondo um ponto final a uma marca com 125 anos de história.
Mas por ser um banco que resultou de várias aquisições também o seu peso é elevado, nomeadamente no que diz respeito à rede de agências físicas. Por isso, é natural que a instituição financeira tenha vindo a apostar num processo de emagrecimento. E isso é visível, pelo estado atual do banco: menos balcões e também menos trabalhadores. Um trabalho que terá de continuar a ser realizado pelo futuro CEO. Mais tranquilos estão os resultados financeiro: nos primeiros nove meses do ano, o banco apresentou lucros de 385 milhões de euros, um aumento de 16% face a igual período do ano passado.
Outras mudanças
A subida de Castro e Almeida implica inevitavelmente alterações para António Vieira Monteiro que, sete anos depois de ter estado aos comandos do Santander Totta, irá assumir o lugar de charmain da instituição financeira. O banqueiro de 72 anos, que assumiu dois mandatos, foi o escolhido para ocupar o lugar que tinha sido deixado vago por Nuno Amado quando este saiu para liderar o Millennium BCP.
O banqueiro deixa no seu currículo a compra de dois bancos: primeiro o Banif por 150 milhões de euros, em dezembro de 2015 e, mais tarde, o Popular por um euro – uma operação só foi concluída no verão deste ano. Estas duas aquisições transformaram o Santander Totta num dos maiores bancos a operar no mercado português, fazendo concorrência ao BCP, em termos de dimensão. Aliás, chegou-se mesmo a assistir à «guerra» de números com o seu rival.
Com a aquisição do Popular, Vieira Monteiro reclamou o estatuto de «maior banco privado português em termos de crédito». Uma afirmação que teve uma resposta quase imediata por parte do BCP: «Somos o maior banco privado com base em Portugal», referiu Nuno Amado, então CEO da instituição financeira.
O ainda CEO está confiante no futuro, mas não deixa passar o seu trabalho em branco, principalmente numa altura em que se prepara para passar o testemunho. «Há sete anos quando entrei o banco não era quase nada», referiu.
Formadores de banqueiros
Nos últimos anos, o Santander Totta tem funcionado como um verdadeiro formador de banqueiros. Foi desta instituição financeira que saiu António Horta Osório – atual CEO do Lloyds Bank, considerado um dos banqueiros mais conceituados da alta finança – e, mais recentemente, Nuno Amado.
Na presidência do conselho de administração do Santander Totta, Vieira Monteiro será acompanhado pelos vice-presidentes José Carlos Sítima e Pedro Castro e Almeida. Manuel Preto fica como vice-presidente da comissão executiva que será ainda composta pelos administradores Amílcar Lourenço, Inês Oom de Sousa, Isabel Guerreiro e Miguel Belo de Carvalho. Entre os nomes da lista de 15 novos administradores do conselho está o diretor da faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Nova SBE), Daniel Traça.