Mota Amaral
«Lançar o PSD num ambiente de crise só beneficia a campanha do Governo e do PS»
O histórico social-democrata mostra-se relutante quanto à hipótese de antecipar o congresso e acredita que essa questão «não faz sentido nenhum», até porque o PSD «necessita de estabilidade para poder desempenhar as suas tarefas como primeiro partido da oposição», diz ao SOL. Mota Amaral, que apoiou Rui Rio nas diretas do ano passado, diz não existir qualquer razão para perturbar o normal funcionamento do partido e mergulhá-lo numa crise. «Acho que é mau para a democracia», diz o antigo presidente do Parlamento.
Paula Teixeira da Cruz
«Os próprios estatutos do PSD preveem estas situações»
A deputada social-democrata assume-se a favor dos exercícios de liberdade e garante que «aquilo que está em cima da mesa é um exercício de liberdade que o PSD, como partido de liberdade que é, reconhece nos seus estatutos». Os estatutos, segundo a ex-ministra da Justiça, preveem que qualquer militante «que se sente em desacordo com aquilo que é a liderança se possa apresentar como alternativa». Uma situação que tem de ser vista com naturalidade e normalidade, afinal, o PSD «não é um partido estalinista e, portanto, há liberdade de expressão».
Carlos Carreiras
«Os mandatos são para cumprir»
Contra a hipótese de antecipação do congresso, o presidente da Câmara de Cascais vê a atual situação do partido com preocupação e garante que, neste momento, todos têm responsabilidades. Além disso, é a favor do cumprimento integral dos mandatos e considera «que se corre o risco de a paciência dos militantes e dos eleitores se esgotar». Carlos Carreiras admite que a situação no PSD não é favorável há muito tempo e acredita que o atual cenário «pode piorar a situação do partido». A solução, agora, passaria por «uma convocatória geral de todos para que cada um corrija os erros que se têm cometido e se tente lançar o partido» para as eleições deste ano, diz Carreiras.
Duarte Pacheco
«Ando há muito tempo a dizer que iria haver uma tentativa de derrubar o Rui Rio»
O deputado do PSD repete o que tem vindo a dizer ao longo do tempo: a crise no partido é centrada na «preocupação com a constituição das listas». E isso mostra que «a crise do PSD é estrutural, já existe há muito tempo». A luta pelo poder interno, de forma a garantir o controlo sobre as listas de deputados, é a questão central, garante Duarte Pacheco. «Uma parte do aparelho do PSD tem receio de perder o controlo das listas de deputados», o que, para o deputado, justifica a tentativa de derrubar o atual líder do partido.
João Montenegro
«Luís Montenegro está a cair numa armadilha»
João Montenegro confessa que há muitos anos é amigo de Luís Montenegro, mas desta vez não o acompanha na «leitura que faz do partido». O ex-diretor de campanha de Santana Lopes mostra-se «completamente contra esta tentativa de criar instabilidade, precisamente num ano determinante para Portugal». Para este social-democrata, o PSD deve estar focado nos próximos combates eleitorais. «Acho mesmo que o dr. Luís Montenegro está a cair num engodo, numa armadilha montada por meia dúzia de pessoas que querem sobreviver politicamente», remata.
Carlos Abreu Amorim
«Esta clarificação só pode ajudar o partido»
Carlos Abreu Amorim considera que a situação atual do PSD é «deplorável». E que, por isso, «todos ficaríamos a ganhar» com a marcação das eleições diretas e a substituição de Rui Rio. Depois de alguns defensores de Rio afirmarem que Luís Montenegro quer fazer um «golpe de estado» no partido, Abreu Amorim salienta que os estatutos de todos os partidos democráticos preveem «esta capacidade de os militantes se poderem candidatar quando as coisas não estão bem». Para o social-democrata, não são as sondagens que ditam que as coisas no PSD não estão bem. «É sim o facto de o PSD não estar a fazer oposição, não ter propostas, não marcar a agenda política e deixar António Costa dizer o que quer», justifica ao SOL. Essa atuação do PSD, afirma Abreu Amorim, tem criado uma «desmotivação e resignação dos militantes e simpatizantes do PSD de norte a sul do país». Por isso, o social-democrata diz-se «esperançoso» que Rui Rio corresponda ao desafio de Montenegro. «Esta clarificação só pode ajudar o partido e a afirmação do PSD junto dos portugueses», acrescenta.
Álvaro Amaro
«Temo que isto seja muito prejudicial para o PSD»
O presidente da Câmara Municipal da Guarda considera que, com este ato político, Luís Montenegro «parece querer prejudicar o PSD». Apesar de considerar a opção legítima, Álvaro Amaro afirma que Montenegro está a contribuir para desunir o partido. «Montenegro disse que é tempo de unir o partido, mas eu não consigo perceber como é que este ato político e esta declaração feita a quatro meses de eleições pode unir o partido», questiona, em declarações ao SOL. O presidente dos Autarcas Social Democratas teme que esta situação «seja muito prejudicial para o PSD». E defende que, se Montenegro está preocupado com o país e com o partido, devia antes ter apresentado sugestões a Rui Rio, sublinhando que o líder do PSD «é um homem que sabe ouvir». Álvaro Amaro afirma que este desafio a Rio «é um claro tiro no pé» de Montenegro. E acusa o ex-líder parlamentar do PSD de ter «outras motivações» que não a união do partido. Na declaração de sexta-feira, Montenegro afirmou que, com Rui Rio, o PSD serve de «bengala do PS». Mas Álvaro Amaro discorda e afirma que «contribuir para a divisão interna a quatro meses das eleições é que é estar a contribuir para ser bengala do PS».
Guilherme Silva
«Corremos o risco de piorar a situação»
O ex-líder parlamentar do PSD não alinha com as movimentações para antecipar as eleições diretas e considera que «este não é o momento para discutir a liderança». O histórico do PSD confessa que assistiu ao avanço dos críticos com «alguma tristeza» e teme que o partido fique ainda mais fragilizado. «Corremos o risco de piorar a situação do PSD», diz ao SOL. Para este social-democrata, Rui Rio deve ser o candidato às eleições legislativas, mas não pode deixar de «fazer tudo para mobilizar os militantes e ultrapassar esta situação rapidamente».
Carlos Encarnação
«A situação do PSD é tão má que é difícil piorar»
O histórico do PSD não está preocupado com quem é o líder dos sociais-democratas. Para Carlos Encarnação, o importante é «saber o que os líderes devem dizer». O essencial é que, independentemente de quem seja líder, o partido abandone a «posição política tomada no seguimento do Passismo», ou seja, da era de Passos Coelho. «Se o líder não tiver coragem de cortar as amarras não há qualquer mudança», sublinha ao SOL. Questionado sobre se a realização de eleições internas pode prejudicar o partido, Carlos Encarnação refere que «a situação do PSD já está tão má que é difícil piorar». E sublinha que a imagem que o PSD tem passado, nos últimos tempos, «afasta uma quantidade substancial do seu eleitorado tradicional», que não irá regressar com uma substituição do líder.
Sofia Vala Rocha
«Faz sentido haver eleições no PSD»
A militante do PSD Sofia Vala Rocha concorda com o «diagnóstico» feito por Luís Montenegro. A social-democrata refere que «o PSD apresenta intenções de voto baixas» e que «deixou de fazer uma oposição severa à esquerda». Assim, «apesar do estado calamitoso do país», não é visto como uma alternativa ao PS. Por tudo isso, Sofia Vala Rocha afirma que «faz sentido o repto de Luís Montenegro fez para que haja eleições no PSD».