A intervenção da PSP no Bairro da Jamaica, no Seixal, motivou comentários inflamados de parte a parte nas redes sociais. Há quem acuse de racismo e de violência gratuita a atuação da polícia, mas há também quem defenda os agentes de autoridade, chegando a ameaçar alguns dos protagonistas da polémica como Mamadou Ba, assessor do Bloco de Esquerda, e Joana Mortágua, deputada pelo mesmo partido.
O Polígrafo fez um levantamento de alguns comentários que visavam os dois bloquistas.
“Por estas razões é que eu estou a radicalizar o meu pensamento acerca destas comunidades, eles que vão para a terra dos pais deles”; “Como é que um vendedor de tapetes vira assessor não sei das quantas?”; “Quem está por trás é escumalha”; “Não perdes pela demora”; “Pois bem, este indivíduo por mim era o primeiro a levar no focinho”; “Porco”; “Tiro no centro da testa”; “Esse verme que vá para a terra dele”; são alguns dos comentários, elencados pelo Polígrafo, que visam o assessor bloquista, na sua maioria foram escritos logo após um texto publicado no seu Facebook, no qual se referia à polícia como a “bosta da bófia”.
Sobre Joana Mortágua pode ler-se: “Esta gaja devia era de levar nos cornos, e estão eles nos comandos do nosso país”; “Filha de bombista sabe nadar”; “Vai chupar aquilo de que gostas”; “Vai dar banho ao cão”; “Uma filha delinquente a defender a ‘família’”; “O BE passa a vida a exigir responsabilidades da polícia em tudo o que é noticia. Curioso é que nunca os vejo a exigir responsabilidades sociais às minorias envolvidas”; “Esta sai mesmo ao paizinho”; “Essa porca vacarrona segadora de dildos”; “A culpa é nossa em votar nesta gente de merda!”; “Metam-me fechada numa sala só com ela”; “Depois admirem-se se o PNR receber muitos votos”.
A deputada partilhou o vídeo amador da ação da PSP de domingo no Bairro da Jamaica, no twitter, numa publicação onde criticou a intervenção policial, o que lhe mereceu um pedido público de responsabilização da parte da concelhia de Lisboa do PSD.
Grande parte dos comentários pejorativos e das ameaças tem sido publicada em páginas seguidas e alimentadas por dezenas de milhares de pessoas, entre elas muitos agentes da PSP e de outras forças de segurança, como ‘Carro Patrulha 1’ e ‘Carro Patrulha 2’, além da conta individual pertencente ao pseudónimo ‘Charlie Papa’.
O Polígrafo analisou as páginas em questão e concluiu que “o ódio racial, a violência gratuita e até o incentivo ao fascismo estão muito presentes sobretudo quando o tema é a polémica intervenção policial no bairro da Jamaica, Seixal, no passado domingo, 20”.
As três páginas apresentam-se como apoiantes das forças de segurança. “Entretenimento e motivação a elementos das forças de segurança portuguesas e cidadãos de bem que apoiam as forças de segurança portuguesas”, lê-se na página ‘Carro de Patrulha 1’. “Se és operacional de polícia, se és amigo ou familiar de polícia, se és cidadão de bem, cumpridor e gostas da polícia, esta é a tua página. Segue-nos”, indica a ‘Carro de Patrulha 2’.
Já ‘Charlie Papa', com quem o Polígrafo tentou, sem sucesso, entrar em contacto, reconhece-se como “administrador da página Carro de Patrulha, motivador das Forças de Segurança” e revela que “trabalha no Ministério da Administração Interna”.