O Movimento Internacional da Cruz Vermelha e Quarto Crescente adiantou na segunda-feira que “não pode participar” na entrega de ajuda humanitária à Venezuela a partir da Colômbia, a não ser que seja autorizada pelo governo de Nicolás Maduro. “Com o fim de garantir o cumprimento da sua missão exclusivamente humanitária e de acordo com os princípios fundamentais de imparcialidade, neutralidade e independência, não pode participar nas iniciativas de entrega de assistência propostas para a Venezuela a partir da Colômbia”, refere a ONG em comunicado.
O autoproclamado presidente interino da Venezuela anunciou no sábado a criação de uma “coligação de ajuda humanitária” para assistir “entre 250 mil e 300 mil venezuelanos em risco de vida”. A ajuda seria enviada a partir de Cúcuta, na Colômbia, do Brasil e de uma ilha das Caraíbas cujo nome não quis adiantar.
O governo colombiano anunciou que irá instalar um posto de comando unificado em Cúcuta, principal posto fronteiriço com a Venezuela, para coordenar a logística da ajuda humanitária. Mais de um milhão dos três milhões de venezuelanos que deixaram o país desde 2015 por causa da crise económica, de acordo com dados da Organização Internacional de Migrações, estão refugiados na Colômbia.
Também na segunda-feira, o Grupo de Lima, reunido em Otava, no Canadá, pediu às forças armadas da Venezuela que “não impeçam a entrada e o trânsito da ajuda humanitária”.
Maduro, por seu lado, não se mostrou disposto a aceitar a entrada da ajuda humanitária: “Se querem ajudar a Venezuela, acabem com as sanções”, afirmou o presidente venezuelano, que fala em “campanha de guerra psicológica” feita a partir do exterior.
“Eu quero pedir a maior solidariedade do mundo para criar um poderoso movimento que denuncie as ameaças de intervenção militar dos Estados Unidos”, acrescentou Maduro, que apelidou o grupo de países que procura uma solução para a questão venezuelana de “cartel de Lima”.
“Não sei quem escreve os comunicados do cartel de Lima, tornaram-nos uma caricatura. Decidiram destruir-me moralmente”, referiu o chefe de Estado, garantindo que “na Venezuela não entra ninguém”. “Não entrará nenhum soldado invasor, venha de onde venha, assim lhes assegura o comandante-em-chefe da Força Armada Nacional Bolivariana que sou”.