Os quatro maiores bancos (Caixa Geral de Depósitos, BCP, BPI e Santander Totta) lucraram 1.787,7 milhões de euros no ano passado. Feitas as contas, dá cerca de cinco milhões de euros por dia e espelha bem o regresso das instituições financeiras aos lucros, que aumentaram mais de 1.100 milhões de euros em relação a 2017, ano em que se tinham ficado pelos 684,5 milhões de euros. Os resultados dos grandes bancos foram muito semelhantes e variaram entre 490 e os 500 milhões de euros, com a exceção do BCP, que ficou um pouco abaixo, com 301,1 milhões de euros.
Mais uma vez, o Santander foi o campeão dos resultados ao apresentar um lucro de 500 milhões de euros, o que representou uma subida de 14,6% face ao ano anterior e levou o novo CEO da instituição financeira a falar «resultados muito bons», que permitem ao banco manter o «estatuto de banco mais sólido do sistema», nunca tendo «recorrido a ajudas públicas».
Logo a seguir surge a Caixa, ao lucrar 496 milhões de euros, um aumento de 854% face ao ano anterior, quando apresentou um resultado de 52 milhões de euros. Estes dois últimos anos marcam a viragem do banco para resultados positivos, deixando para trás anos sucessivos de prejuízos.
Já o BPI atingiu um resultado líquido de 490,6 milhões de euros em 2018, valor que compara com os 10,2 milhões de euros registados no ano anterior. De acordo com Pablo Forero, a evolução positiva dos resultados está relacionada com um melhor contributo do mercado angolano e com a venda de ativos.
Mais baixos foram os resultados do BCP, que ainda assim anunciou esta quinta-feira um aumento de 65,1%, fixando-se nos 301,1 milhões de euros. A atividade em Portugal registou um aumento de 196,1%, para 115,5 milhões de euros, enquanto a internacional totalizou os 186,9 milhões de euros (um aumento de 27,8% face ao ano passado).
A contribuir para este crescimento esteve a quebra das imparidades e provisões, em quase 300 milhões de euros. No entanto, o chairman da instituição financeira, Nuno Amado, considera os «resultados positivos, crescentes e consistentes». E deixou uma garantia: «Vamos ao ritmo certo».
Redução de estruturas e pressão nas comissões
Estes resultados estão muito assentes na política comum levada a cabo pelos três bancos: estrutura mais pequena – ou seja, menos balcões e menos trabalhadores – e uma maior aposta nas comissões. Só o BPI lucrou um total de 277,8 milhões com comissões. Já no Santander, as comissões líquidas cresceram 12,5% para 372,4 milhões de euros, enquanto na Caixa esse valor disparou mais de 9%, totalizando 474,2 milhões. Por sua vez, no BCP as comissões bancárias aumentaram 3,3% para os 564,7 milhões de euros.
Em contrapartida, as instituições têm vindo a apostar na redução do número de trabalhadores. No total, estes quatro bancos passaram de 27.221 trabalhadores em 2017 para 26.150 em 2018: menos 1.071.
A maior descida registou-se na CGD, que contava em dezembro de 2018 com menos 646 pessoas, passando de 8.321 trabalhadores em 2017 para 7.675 em 2018. Logo a seguir surge o Santander Totta com menos 289 trabalhadores em 2018, uma redução de 6.781 pessoas para 6.492. O mesmo caminho foi seguido pelo BCP, que fechou o ano com 7.095 trabalhadores, ou seja, menos 94 do que no ano anterior. Já o BPI foi a instituição financeira que registou menos diminuições de pessoal, com 4.888 trabalhadores no final de 2018, menos 42 pessoas que em 2017 (4.930).
Em termos de agências, assistiu-se a uma redução de 254 estabelecimentos no total destas quatro instituições financeiras para um total de 2.012. Só o Santander Totta encerrou 147 balcões – depois de ter completado o seu processo de fusão com o Popular – totalizando agora 523 agências. Também o banco liderado por Paulo Macedo fechou 65 agências em 2018, passando de 587 em 2017 para 522 no final do ano passado. O BCP, liderado por Miguel Maya, acabou 2018 com 546 agências em Portugal, menos 32 do que as 578 existentes no final de 2017, enquanto o BPI contou com menos 10 balcões, uma diferença justificada pelos 421 balcões existentes no final de 2018 face aos 431 de 2017.
Incertezas
Continuam por conhecer os resultados do Novo Banco, do Montepio e do Crédito Agrícola. Em 2017, o banco liderado por António Ramalho, detido em 75% pelo fundo americano Lone Star e em 25% pelo Fundo de Resolução, entidade da esfera pública gerida pelo Banco de Portugal, registou perdas recorde de 1.395 milhões de euros. Mas apesar de ainda não ter fechado as contas, a instituição financeira prepara-se para pedir mais de mil milhões de euros ao Fundo de Resolução este ano. Já no ano passado tinha havido uma necessidade de injetar 792 milhões de euros.
O acordo de venda do Novo Banco ao Lone Star prevê que estas injeções somem, no máximo, 3,89 mil milhões, um valor que o governador do Banco de Portugal indicou que não seria utilizado na totalidade mas que, à medida que os anos passam, está cada vez mais próximo de ser esgotado.
Por sua vez, o Montepio, agora com Dulce Mota como presidente executiva interina, registou lucros de 30,1 milhões de euros em 2017, enquanto o Crédito Agrícola apresentou resultados históricos de 150 milhões de euros.