O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, termina hoje a visita de Estado a Angola, no dia em que completa três anos de mandato. A mensagem da viagem presidencial foi de fraternidade, sem espaço para ‘irritantes’ do passado, como o caso judicial do ex-vice-presidente angolano, Manuel Vicente, e com a polémica sobre os incidentes no Bairro da Jamaica ultrapassada. Para o Presidente da República, Portugal e Angola estão «condenados a serem irmãos».
Na visita de quatro dias, além dos encontros oficiais, Marcelo Rebelo de Sousa passou pela província de Benguela e por Catumbela e teve um banho de multidão, ao ponto de ser questionado pelos jornalistas portugueses se as manifestações de afeto eram sinal deque o Presidente angolano precisava ser mais próximo do povo. O chefe de Estado teve resposta pronta, rodeado de populares. «Ele [João Lourenço] é um exemplo da proximidade», assegurou Marcelo na província de Benguela, em declarações às televisões e às rádios. «Quer dizer que eles sentem que Angola e Portugal estão muito próximos, e eles querem essa proximidade», assegurou o Presidente para justificar a receção calorosa.
Em Catumbela chamaram-lhe «camarada», terra onde foi recebido com cânticos tradicionais e a frase «Catumbela ama você».
A viagem de quatro dias serviu também para fazer um balanço do reconhecimento e pagamento de dívidas angolanas às empresas portuguesas, um dossiê que tem sido avaliado desde novembro. Angola já pagou 178 milhões de euros de dívida e reconheceu outros 170 milhões de euros. Os números foram revelados ontem pelo ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, citado pela Lusa.
Logo no primeiro dia de visita oficial ( a chegada foi antecipada para Marcelo participar no aniversário de João Lourenço), o Presidente da República fez rasgados elogios ao seu homólogo, realçando «o projeto de paz, de democracia, de regeneração financeira e de combate à corrupção». Antes, o chefe de Estado tinha defendido, em pleno Parlamento angolano, que os laços que unem os dois países persistem «além de todos os agravos e as injustiças do passado».