A Assembleia Nacional venezuelana, que tem uma maioria de deputados da oposição, anunciou que todos os efetivos das forças armadas que desertem o governo de Nicolás Maduro manterão o seu posto e voltarão a funções caso um novo governo tome posse. É a mais recente tentativa de aliciar as forças armadas para conseguir apoio ao autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, cujas tentativas de derrubar o governo parecem estar a perder o ímpeto inicial. Um dos elementos chave da manutenção de Maduro tem sido o apoio das forças armadas, que se manteve ao lado do presidente com pouco mais que algumas dezenas deserções.
Num esforço de cortar ainda mais o fundos do governo venezuelano, foi anunciado também ontem o reforço das sanções norte-americanas à Minerven, a companhia estatal de mineração de ouro. Todos as propriedades e ativos da empresa nos Estados Unidos foram congelados, e todos os cidadãos dos EUA foram proibidos de negociar com empresa. É já o sexto reforço das sanções dos Estado Unidos à Venezuela. O objetivo é sufocar de tal modo o governo de Maduro que as estruturas do Estado optem por apoiar Guaidó, que tem pleno reconhecimento enquanto presidente interino por parte do executivo de Donald Trump.
Com as sanções em vigor aos produtos petrolíferos, que representam mais de 90% das exportações venezuelanas, a mineração de ouro ganhou importância no financiamento do Estado. "Com a queda da produção petrolíferea, eles [governo de Maduro] viraram-se para o comércio de ouro", explicou Marshall Billingslea, vice-secretário para o financiamento do terrorismo do Tesouro dos EUA, que acusam o governo venezuelano de "comprar a lealdade" do exército com estes fundos.
Entretanto, enquanto as sanções norte-americanas são reforçadas, quem fica no fogo cruzado é a população da Venezuela, que enfrenta um agravamento das suas condições económicas e sociais, tendo chegado a estar dias sem acesso a eletricidade, água e transportes na semana passada.