O presidente do PS e líder parlamentar disparou esta segunda-feira em vários sentidos no contra-ataque às críticas sobre os laços familiares no Governo. Carlos César não gostou de ouvir o pedido de reflexão da coordenadora do Bloco de Esquerda ao Executivo e ripostou num tom duro: “Fico muito surpreendido com acusações dessa natureza. Não percebo como é que o Bloco de Esquerda as pode fazer, sendo um partido onde se conhece que, no seu próprio grupo parlamentar, são abundantes e diretas as relações familiares”, declarou o dirigente em declarações aos jornalistas durante as jornadas parlamentares, em Portalegre.
A farpa estava lançada, mas o presidente do grupo parlamentar socialista não quis deixar passar em branco, também, as críticas do comentador televisivo Marques Mendes, na SIC. Para o efeito, César recordou que o pai foi deputado ( III e IV Legislatura), o antigo líder do PSD foi ministro e a sua irmã, Clara Marques Mendes, “é deputada e dirigente parlamentar”.
Em suma, o presidente socialista quis defender as escolhas do Executivo com ataques aos críticos que se avolumaram na última semana. Carlos César acrescentou ainda que não se admira nada com as ligações familiares no Executivo, nem em cargos de chefia na Administração Pública. Até acha “natural”. Na prática, para César tudo se resume a um “empenhamento cívico” nas famílias, desde que as decisões sejam tomadas de forma “transparente”.
O líder do grupo parlamentar socialista ainda teve tempo para responder ao líder do PSD, Rui Rio, sobre as críticas à lista do PS para as Europeias. À Antena 1, Rui Rio considerou que a lista socialista era um depósito para “desempregados políticos”.
César ouviu e lembrou ao líder social-democrata que não seria bom usar a mesma retórica de Paulo Rangel, eurodeputado e cabeça de lista do PSD às Europeias. “ Se se tornarem todos iguais, não tarda que o PSD perca o eventual benefício que Rui Rio lhe queria transmitir.”
Bloco evita comentar
A reação de César às palavras de Catarina Martins foram recebidas como alguma surpresa no Bloco de Esquerda. A coordenadora do partido pediu reflexão ao Governo sobre as várias nomeações de familiares de governantes, mas os bloquistas não contavam com uma reação tão dura de Carlos César. O tom do líder parlamentar socialista foi encarado como “desproporcional”, de acordo com fontes do BE, ouvidas pelo i.
Contactados pelo i, os deputados José Manuel Pureza e Pedro Soares- preferem não fazer qualquer comentário. A ordem é para travar a polémica.
Porém, o desabafo de César a assumir que “às vezes foi muito penoso” trabalhar com o PCP e o BE, na atual Legislatura mereceu ainda um curto comentário, no twitter, do deputado José Manuel Pureza: “Carlos César acha que o PS trabalhar com a esquerda é penoso. É falta de hábito”, escreveu Pureza.
Quanto às ligações familiares no Bloco de Esquerda, além das irmãs Mariana e Joana Mortágua, no partido de Catarina Martins já houve casos de ligações familiares naquela força política, como os dos irmãos José Gusmão ( candidato a eurodeputado) e Daniel Oliveira (ex-aderente do BE). Na lista de nomeações a jurista Helena Margarida Grilo, chegou a ser escolhida para o gabinete da câmara de Lisboa do então vereador Ricardo Robles. Porém, coma demissão do vereador, o sucessor foi o pai, Manuel Grilo. O novo vereador do Bloco na autarquia, acabou por lhe rescindir o contrato. Mas, a jurista acabou por se contratada, depois, para a sede do BE.