Centeno diz que “investimento não é como ‘Anita vai às compras’”

Governante falou também nas pré-reformas, sublinhando que o país não se pode dar ao “luxo de ter as pessoas a sair do mercado de trabalho”  

O ministro das Finanças, Mário Centeno, explicou o porquê da diferença entre a previsão de crescimento de 40% de investimento público, que consta no Orçamento do Estado, e os 10% que na realidade cresceu.

Numa entrevista ao Público, Mário Centeno recorre à literatura infanto-juvenil para justificar que o facto de o investimento ter ficado abaixo do previsto é afinal normal.

“O investimento não é como o ‘Anita vai às compras’, não vamos com o Pantufa, com um cesto, comprar investimento”, afirmou o ministro, acrescentando que “o investimento tem concursos e às vezes os concursos ficam desertos, tem acontecido durante este ano, porque ninguém faz propostas abaixo do preço que a Administração Pública coloca como valor máximo de licitação.

Mário Centeno afirmou também que mesmo nesses casos “tem de haver uma autorização de despesa”. Aliás, o governante fez questão de frisar que o Orçamento “é uma autorização de despesa. O Governo só pode gastar aquilo que o Parlamento autoriza”.

O ministro abordou também a questão da pré-reforma e deixou a promessa de que a “avaliação será feita caso a caso”.

“O país não está numa posição económica, financeira e social que se possa dar ao luxo de ter as pessoas a sair do mercado de trabalho”, explicou Centeno ao Público.

“Essa decisão [de dar luz verde aos pedidos de pré-reforma] tem de ser tomada com uma enormíssima responsabilidade social, obviamente laboral, e é para isso que o mecanismo existe", acrescentou.